A vereadora da Câmara de Borba, Sofia Dias, afastada pelo Movimento Unidos por Borba (MUB) da lista às próximas eleições autárquicas, deixa críticas à decisão e garante que não voltará a integrar este projeto político. “Não me sinto respeitada, nem me sinto valorizada pelo Movimento e pelas pessoas que estão à frente do Movimento”, afirma.

Sofia Dias sublinha que a decisão de não integrar a lista do MUB não partiu dela: “Como em todas as situações, há escolhas e há decisões, e esta foi uma escolha. Não uma escolha que me coube a mim, coube a terceiros, mas que respeito”.

Ainda que diga aceitar a opção, a autarca não esconde o impacto inicial: “Confesso que na altura fiquei incomodada, porque de facto gosto muito do que faço. Gostei muito destes quatro anos, adorei poder trabalhar com as pessoas e para as pessoas, e poder fazê-lo em áreas muito diferentes”.

Número três na lista do MUB em 2021, Sofia Dias assegura ter dado sempre prioridade ao interesse coletivo. “Nunca estive à procura de um tacho. Tenho o meu ordenado, tenho o meu posto de trabalho, sou funcionária pública desde 2015 na autarquia e sempre me dediquei a 100% à ação social”, recorda, acrescentando que o que a motiva no exercício de funções políticas era “o trabalho, a exigência do trabalho e a diversidade de áreas”.

Responsável por perto de uma dúzia de pelouros, incluindo Cultura, Ação Social e Educação, faz um balanço positivo do mandato. “Há sempre coisas que poderiam ter funcionado melhor, que poderíamos ter feito melhor. Queremos chegar a todo o lado e por vezes não conseguimos. Mas o que fizemos está à vista de todos”.

Ainda assim, deixa uma mensagem a quem vier a suceder-lhe: “Espero mesmo que o faça [melhor], até porque eu sou munícipe e quero que quem ocupa qualquer um dos lugares da autarquia faça um excelente trabalho, porque enquanto munícipe quero beneficiar dele. E já agora tenham o cuida- do que eu tive sempre de ouvir as pessoas, porque é aí que está a diferença.”

Sobre o futuro político, a autarca não fecha portas, mas afasta-se em definitivo do MUB. “Dei muito de mim durante quatro anos e, portanto, se voltar a embarcar em algum projeto político é onde tenha a certeza que posso dar tudo de mim e ser valorizada. Não recompensada, pois são coisas diferentes”.

Revelando ter sido sondada por diferentes forças políticas para integrar listas nas próximas autárquicas, refere ter recusado todos os convites. “Fui convidada por praticamente todas as listas opositoras. Neguei todos os convites por uma questão de respeito a um Movimento a que ainda irei pertencer até ao dia 12 de outubro. Pelo menos enquanto pessoa eleita. E, portanto, por respeito a isso, jamais iria fazer algo do género. Dia 12 termina o meu mandato e termina o meu vínculo ao MUB. Depois logo se verá”.

Para já, Sofia Dias vai dedicar-se a projetos pessoais. “Sou aluna de doutoramento em Sociologia. Vou retomar e vou tentar concluir antes de regressar à Câmara”. Durante o seu mandato foi uma das principais impulsionadoras da candidatura da Serra d’Ossa a Cidade do Vinho 2025, evento que está a decorrer ao longo do ano e que “celebra a cultura da vinha e do vinho no Alentejo, destacando a sua diversidade, história e impacto económico”.

Recorde-se que a lista do MUB à presidência da Câmara de Borba é liderada pelo atual presidente da Junta de Freguesia da Matriz, Leonel Infante uma vez que o atual presidente, António Anselmo, cumpre o terceiro mandato consecutivo à frente da autarquia, estando impossibilitado de se recandidatar.

Fotografia: Sandra Canhoto/Rádio Borba