Mais um ano e as velhas promessas de sempre. O velho ritual anual de fazer resoluções que, na maioria das vezes, evaporam mais rápido do que a espuma de um cappuccino. Quem nunca prometeu começar a dieta na segunda-feira, só para descobrir que a segunda-feira é um conceito muito flexível?
Vamos ser honestos, o início do ano é como um grande botão de reset. A gente se enche de esperança, como se um passe de mágica fosse transformar todos os nossos maus hábitos em virtudes. Mas, na prática, a vida continua com suas pequenas e deliciosas imperfeições.
Tomemos, por exemplo, a promessa de ir à academia. No primeiro dia de janeiro, as academias estão lotadas de pessoas motivadas, vestindo roupas de ginástica novinhas em folha. Mas, à medida que o mês avança, a frequência diminui. A esteira, que antes era disputada, agora está livre, esperando por alguém que não tenha sucumbido ao sofá e à Netflix.
E o que dizer da promessa de economizar dinheiro? No início do ano, todos nós nos tornamos especialistas em finanças pessoais. Cortamos o café pela manhã, levamos almoço para o trabalho e juramos que não vamos gastar em coisas supérfluas. Mas basta chegar a época dos saldos para que todas essas boas intenções sejam esquecidas.
Outra promessa clássica é a de ser mais organizado. Compramos agendas, aplicativos de produtividade e até aqueles quadros brancos para anotar tarefas. Nos primeiros dias, tudo parece funcionar perfeitamente. Mas, com o tempo, a agenda vira um caderno de rabiscos, o aplicativo de produtividade é esquecido e o quadro branco se transforma em uma obra de arte abstrata a ser leiloada nas redes sociais.
Todo início de ano nos transformamos em monges budistas, buscando a iluminação através da abstinência. Juramos que vamosmeditar todos os dias, comer só al- face e abandonar os maus vícios. Mas, assim que o relógio marca o primeiro minuto do dia 1 de janeiro, os nossos “víciosinhos” saem do armário e começam a nos assombrar. “Só mais um cigarro”, eles sussurram. “Um copinho de vinho não vai fazer mal”, eles insistem. Nós, fracos mortais que somos, acabamos por ceder aos seus encantos.
Apesar de todas essas promessas não cumpridas, há algo de mágico no início de um novo ano. É como se tivéssemos uma nova chance de recomeçar, de tentar ser melhores, mesmo que só um pouquinho. E, no fundo, é isso que importa. Não precisamos ser perfei- tos, apenas humanos, com todas as nossas falhas e virtudes.
A verdade é que, no fundo, todos sabemos que as promessas de Ano Novo são apenas uma maneira divertida de nos lembrarmos que todos nós, de certa forma, sonhamos em ser melhores, ainda que a meta do “ser melhor” muitas vezes se resuma a “não comer aquele terceiro pedaço de bolo”. Então, que venha mais um ano, mais uma dose de rabanadas e ideias malucas. Porque, se não podemos cumprir as promessas, pelo menos podemos nos divertir com as nossas tentativas.