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Breno Teixeira: “Os políticos, os cogumelos e os vigaristas”

"QUO OU COTIDIANICES". A opinião de Breno Teixeira, escritor

Nos períodos pré-eleitorais brotam pela cidade, como os cogumelos nos campos outonais, após um chuvisco matinal, ‘outdoors’ em profusão. São caras simpáticas, com sorrisos esperançosos e promessas de dias melhores. Todos, sem exceção, conhecem o segredo da nossa felicidade e a fórmula para um futuro promissor. Para eles é unanime que sectores como a saúde, a educação, a justiça, a segurança e a previdência social necessitam de reformas urgentes.

Todos abordam o tema da emigração/imigração, benefício para uns, malefício para outros. Prejudicial para muitos, necessária para muitos mais. Campanhas subtilmente diferentes, mas com um detalhe em comum. Votem em mim, quando eleito vos revelarei o segredo da felicidade e divulgarei a fórmula para o futuro promissor, prometem os candidatos.

Voltemos aos cogumelos. É de sabedoria popular que estes fungos, tais como os políticos, têm uma ampla variedade de formas, tamanhos, cores e propriedades e podem ser comestíveis, venenosos ou alucinógenos. São uma ótima opção para uma alimentação saudável e apresentam uma grande variedade de sabores, uma experiência única de degustação. Porém, existem os venenosos, como as amanitas, também conhecidas como “anjos destruidores”, que são muito bonitas, mas extremamente tóxicas.

Por isso, é fundamental ter muito cuidado no consumo, pois a confusão entre cogumelos comestíveis e venenosos pode ser fatal. Já os que são alucinógenos, cujo consumo é proibido em Portugal desde 2001, possuem substâncias psicoativas que podem causar alucinações visuais, mudanças na percepção do tempo, intensificação das emoções, distúrbios sensoriais e até experiências espirituais. Enfim, deturpam significativamente a nossa realidade.

Se fizermos um simples exercício de troca e cada vez que encontrarmos no parágrafo anterior a palavra cogumelo a substituirmos pela palavra político, vamos constatar que o sentido da mensagem se mantém, o que nos leva a crer que o ato de votar, é uma ação de risco. Podemos sair com a sensação de ter saboreado os melhores dos pitéus, ou com a desconfiança de termos sido “alucigenados”, ou pior ainda, termos ficado irremediavelmente intoxicados.

Não! Não me esqueci dos vigaristas. Quando vejo os sorrisos nos ‘outdoors’, me lembro do que o meu avô dizia: “Meu neto, nunca vi um vigarista mal-humorado, estão sempre sorridentes”.

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