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Candidatura a Património Mundial entregue este mês

O três volumes do dossier de candidatura à Unesco estão concluídos. Ligação à Casa de Bragança valorizada na nova estratégia. 
Ana Luísa Delgado (texto) e Gonçalo Figueiredo (fotografia)

Está decidido. A candidatura de Vila Viçosa a Património Mundial da Unesco será entregue até final do ano. “O dossier está feito.

Estamos agora a desenvolver o design digital para entregar os três volumes à Comissão Nacional da Unesco no próximo dia 31 de dezembro. É o que está acertado”, confirma o arquiteto Nuno Ribeiro Lopes, coordenador da candidatura.

A Comissão Nacional da Unesco terá, depois, cerca de um ano para fazer sugestões ou propor eventuais alterações. Foi nesta fase que um grupo de peritos emitiu dois pareceres negativos a um primeiro dossier de candidatura entregue em 2020. Pelo meio houve eleições autárquicas. A Câmara passou da CDU para “as mãos” do PSD. E o novo Executivo, liderado por Inácio Esperança, convidou Nuno Ribeiro Lopes para redesenhar todo o projeto.

“É uma nova candidatura. Não quero menosprezar o trabalho anterior, que teve mérito, sobretudo por se ter persistido na ideia de Património Mundial e conseguido a inclusão de Vila Viçosa na lista indicativa da Unesco. Na parte final as coisas não correram bem e a candidatura foi rejeitada, pelo que constituímos uma nova equipa e traçámos uma nova estratégia”, recorda Inácio Esperança, sublinhando que essa “viragem estratégica” se corporizou, desde logo, na entrada da Fundação da Casa de Bragança enquanto entidade promotora da candidatura.

O autarca refere que o Município é detentor “de pouco património em relação àquele que será classificado”, e diz que a nova estratégia passa por “valorizar” a componente associada à presença dos Bragança em Vila Viçosa, “à sua vida, aos seus hábitos e tradições, pois foi a partir daqui que construíram uma nova dinastia e um Império que controlava boa parte do mundo”.

“O nosso principal trunfo”, diz Nuno Ribeiro Lopes, “é a história de Vila Viçosa. Em primeiro lugar porque está profundamente associada à Casa de Bragança e, portanto, vamos contar a história da Casa de Bragança ao longo destes séculos. A candidatura não acaba no século XVI, vem até à atualidade e com várias componentes, incluindo a ligada ao culto Mariano”.

Trata-se, acrescenta, de uma “peça fundamental” para o sucesso do projeto, desde logo atendendo ao “significado político desse ato de ex- posição da Coroa, da consagração de Nossa Senhora da Conceição [como Padroeira de Portugal], um ato político de longo alcance que fez com que Portugal consolidasse a sua independência e a integridade do Império”.

“Não podemos contar uma história sem o próprio lá estar”, sublinha Nuno Ribeiro Lopes, explicando desta forma a importância da Fundação da Casa de Bragança ser também promotora da candidatura, tanto mais que “continua a ter em Vila Viçosa uma importância fundamental por causa das propriedades, dos bens que se mantiveram unos, que não foram distribuídos como aconteceu com o fim das ordens religiosas. Manteve-se o património, nalguns casos completamente autêntico e íntegro, como sucede, por exemplo, com a Tapada Real”, cujas origens remontam ao início do século XVI.

Responsável pelas candidaturas (bem sucedidas) do Pico e da Universidade de Coimbra a Património Mundial da Unesco, Nuno Ribeiro Lopes considera que o “grande erro” da primeira tentativa de Vila Viçosa foi “estar muito focada no centro histórico e na vila renascentista”. Em primeiro ligar porque “centros históricos há muitos por todo o mundo, e muito bonitos, já classificados, por outro porque a vila renascentista, quando comparada com outras cidades ou vilas italiana, ficava a perder”.

Com mais de um milhar de bens patrimoniais inscritos na lista da Unesco, e ultrapassada há muito a classificação dos “inquestionáveis”, como a Torre Eiffel ou as Pirâmides do Egito, os promotores têm agora de “conseguir demonstrar que os bens a classificar são excecionais e que têm valor para ombrear com outros”. Para isso, prossegue, é crucial a escolha da categoria em que se vai concorrer, a qualidade do património e a narrativa apresentada.

“Uma candidatura é um contrato feito com toda a Humanidade através da Unesco. Além da autenticidade e integridade do património, do seu valor excecional, temos de garantir uma gestão capaz, fundamentada na comunidade, pois só a comunidade é que pode garantir a execução da estratégia definida para muitos anos, independentemente dos ciclos políticos”, defende Nuno Ribeiro Lopes, revelando que esta foi outra das alterações efetuadas no redesenho da candidatura.

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