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Carlos Alves recebe um dos mais importantes prémios de artesanato do país

O barrista Carlos Alberto Alves foi distinguido com uma menção honrosa no Festival Internacional de Artesanato de Lisboa, um dos mais importantes prémios do setor, a nível nacional. Em entrevista à Alentejo Ilustrado diz que esse prémio tem um “grande significado”, desde logo quando na sua terra natal, Estremoz, nunca teve esse tipo de reconhecimento. Ana Luísa Delgado (texto)

Qual é, para si, o significado desta menção honrosa?

Olhe, significa muito, principalmente porque é um reconhecimento nacional, quando, na minha própria terra, ainda nunca tive esse reconhecimento. Soube-me muito bem, pronto.

Sendo também importante para os Bonecos de Estremoz, claro.

Claro que sim, é um reconhecimento, mais um. Estas distinções são sempre importante para qualquer artesão que faça Bonecos de Estremoz.

Este é um dos principais prémios a nível nacional?

A menção honrosa corresponde a um conjunto de prémios na Feira Internacional de Artesanato de Lisboa. Uns dedicados a artesanato tradicional, outros ao contemporâneo. E do artesanato tradicional há o primeiro prémio, que tem um valor monetário, e depois há três menções honrosas, que não têm valor monetário. Não é pelo valor monetário que este prémio é importante, é mais pelo valor da própria menção honrosa, que tem uma projeção que nós não estamos habituados, eu principalmente não estou habituado a esse tipo de galardões. Nunca concorri para alguma coisa que pudesse ter um prémio destes, mas, de qualquer forma, é sempre importante.

Como é importante a participação nestas feiras?

A única feira em que participei, fora de Estremoz, foi a de Vila do Conde, o ano passado. E foi porque a Câmara de Estremoz desistiu do seu próprio stand, quando estava pelo menos previsto eu e o José Carlos Rodrigues participarmos nessa feira, com o apoio da Câmara Municipal. O Município resolveu desistir do stand e a própria organização da feira resolveu convidar-me para preencher esse espaço. Tive muito pouco tempo para decidir, mas decidi aceitar e fui muito bem recebido, gostei muito de estar lá e vou voltar novamente este ano. Dia 20 começa a Feira de Vila do Conde e prolonga-se por 15 dias, portanto, estarei por lá.

A que juntou a de Lisboa…

Sim, resolvi fazer estas duas feiras este ano, não vou fazer mais nenhuma. Não consigo fazer mais que duas feiras porque é difícilpara mim ter bonecos suficientes. Mas, de qualquer forma, penso participar em mais duas feiras, provavelmente não irei a Lisboa, mas a Coimbra. E regressarei a Vila do Conde.

Presumo que seja um esforço adicional para os artesãos, certo?

Claro que é. Na Feira de Vila do Conde até consigo trabalhar, porque o artesão pode entrar para a feira nas horas que quiser. Na de Lisboa não é bem assim, pois a feira só abre para os artesãos às 14h00 horas e às 15h00 já está a entrar público. O que quer dizer que, com a frequência que o meu stand teve, o que também me deixou satisfeito, não me permitiu também fazer nada de trabalho ao vivo. E nós também precisamos do nosso recato para podermos fazer o nosso trabalho e termos as nossas peças.

Em Vila de Conde há mais essa possibilidade de trabalho ao vivo?

O ano passado, inclusivamente, fiz uma peça de homenagem às rendelheiras, já fiz até algumas réplicas dela, mas a primeira ofereci à organização da Feira de Vila do Conde… nem sabemos o que é que vai acontecer quando estamos na feira, temos oportunidade de poder trabalhar e mostrar o nosso trabalho ao vivo. Acho que a ligação entre o artesão e o cliente, as pessoas que visitam o stand, é sempre muito mais agradável.

E será possível, por exemplo, fazer um Boneco de Estremoz nesse contexto?

Durante a feira não é possível, não tenho todos os equipamentos necessários. Apenas as mãos, o barro e alguns instrumentos para poder trabalhar. Mas é preciso mais equipamento, a peça tem de secar, tem um período de secagem, e tem de ser cozida e pintada. Eu até cheguei a fazer peças em Vila do Conde, a pedido de pessoas, o ano passado. Fiz uma peça com um amigo meu, o Sérgio Amaral, que está a projetar um museu dedicado a São Francisco, e eu fiz um São Francisco que ele me pediu. E fiz uma peça também para uma cliente que era um São João Batista, mas só a entreguei posteriormente, porque não houve tempo de cozer a peça, nem de pintá-la. A peça do São Francisco, em princípio, vou pintá-la agora em Vila do Conde e foi cozida pelo próprio Sérgio Amaral, que também é ceramista.

Há apoio para o artesanato?

Neste caso da FIA, o apoio que nós tivemos foi a atribuição do stand, não pagámos nada, mas todas as outras despesas tivemos que pagar do nosso bolso, como a alimentação, estadia e em Lisboa não é barato. Em relação à feira de Vila do Conde, temos o apoio de alojamento, uma refeição e depois há um subsídio do Instituto de Emprego e Formação Profissional que é atribuído ao artesão, e que é baseado nos quilómetros que fazemos, nos dias que temos de feira. Ainda nunca pedi esse subsídio, será a primeira vez que o irei fazer.

Os apoios que existem para a participação em feiras são suficientes?

Não, não são suficientes porque, por exemplo, há outros artesãos que preferem fazer mais feiras, conseguem fazer o trabalho deles nas próprias feiras, e neste momento acho que estão limitados a três por ano.

MAIS DE 500 ARTESÃOS DE 30 PAÍSES

Com a Tunísia como país con- vidado, e a participação, pela primeira vez, da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e do Ribatejo, a Feira Internacional de Artesanato de Lisboa decorreu na FIL, no Parque das Nações, contando com mais de 500 expositores, oriundos de 30 países. No caso do artesanato tradicional, além do primeiro prémio (que este ano foi entregue à peça “Alforge Tradicional Barrosão”, de Fernando de Araújo Pereira), foram entregues três menções honrosas, uma delas a Carlos Alberto Alves, pela peça “Cante Alentejano”. Catarina Tudella, com a peça “Albarrada”, ganhou o primeiro prémio de artesanato contemporâneo. O júri integrou, entre outros elementos, Leandro Coutinho, da Federação Portuguesa de Artes e Ofícios, Alexandre Oliveira (IEFP) e Rita Jerónimo, da Direção-Geral das Artes.

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