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Carlos Cupeto: “Enoturismo”

"ri palhaço chora homem sofre cão". A opinião de Carlos Cupeto (professor universitário)

Quem tem responsabilidades concordará que o turismo no Alentejo necessita de valor e que o enoturismo é um caminho para o conseguir. Dispensando justificações e sabendo que enoturismo não é “a adega de porta aberta”, temos de assumir que o Alentejo tem vinho na sua história e que a este produto urge ser dada a maior atenção estratégica.

Muito mais que os bons exemplos existentes, cada vez em maior número, que deverão servir de referência, o Alentejo necessita mais do que bonitos livros – às vezes nem tanto – que compilem a oferta existente, ao sabor dos dinheiros públicos via União Europeia. Não nos podemos contentar em dizer que “com tão bom vinho não é de admirar que o Alentejo concentre todas as condições para o desenvolvimento do enoturismo”, como se escreve no “Guia de Enoturismo Alentejo – visitas, provas, compras, gastronomia e alojamento”.

Num exemplo de uma casa com responsabilidade, o ridículo chega ao ponto de a ficha síntese dizer assim: “enoturismo: visita guiada à adega, visita guiada às vinhas, prova de vinhos, restaurantes, casa da cultura, museu do arroz, praia, eventos empresariais, loja”. Algum enófilo ou turista vai atrás disto?

Contrasta a certeza de o enoturismo no Alentejo e as atividades conexas terem tudo para se constituírem como o principal pilar da sustentabilidade económica e social da região, muito para além da significa- tiva dimensão do sector vitivinícola.

Como já escrevi na Alentejo Ilustrado, a aposta do turismo no Alentejo tem de ser muito mais que a Capela dos Ossos. Por analogia, a qualificação de recursos humanos bem preparados tem de ir muito para além das clássicas licenciaturas em Turismo. O vinho exige mais do que as generalidades que chegam para os licenciados nas caixas dos supermercados. O Alentejo como marca de “território vínico” é natural, os nossos “saberes e fazeres” tornam-no óbvio.

O passo que daqui decorre é enorme e promove a atenuação da sazonalidade, o maior número de turistas e visitantes, o maior gasto médio por visitante, a captação de novos investidores, a valorização do vinho alentejano, a valorização da imagem do destino, a valorização dos recursos humanos, a promoção do consumo de produtos locais, o povoamento do Alentejo e tudo o de positivo que lhe está associado, e, também a revitalização de atividades económicas tradicionais.

Essencial é, ainda, a promoção e comunicação, pois tudo pode estar (quase) perfeito, mas se não for bem promovido e comunicado é pior do que não existir. Provavel- mente, este é um dos temas mais críticos que envolve tendencialmente todos os atores, públicos e privados, com os produtores e reguladores à cabeça.

Por fim, o principal desígnio do enoturismo no Alentejo: valorizar o vinho e criar riqueza.

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