Carlos Pinto de Sá: “Sem Alqueva o Alentejo viveria hoje uma catástrofe”

Carlos Pinto de Sá: “Sem Alqueva o Alentejo viveria hoje uma catástrofe”

Em causa está a disponibilidade de água. Com a barragem a menos de um metro da sua capacidade máxima, o autarca de Évora lembrou as “incidências particulares” das alterações climáticas, em particular no sul da Europa, com o aumento da temperatura e a diminuição da precipitação, citando estudos segundo os quais, nas próximas décadas, a precipitação no Alentejo irá reduzir-se entre 28 e 40%. 

“Trata-se de uma alteração muito significativa, numa região onde a água não abunda”, acrescentou o autarca, no decurso de uma iniciativa denominada “Conversas à Volta das Oliveiras”, promovida pelo Município para debater “a proteção, defesa e classificação dos olivais tradicionais”.

Face à escassez de água, Carlos Pinto de Sá defendeu a necessidade “de se olhar” para o uso deste recurso, em particular pela agricultura, “que consome cerca de 80% das disponibilidades”, e para a “capacidade” do setor se “poder adaptar às transformações climáticas”. Na sua opinião, é tempo de refletir sobre “que agricultura queremos” para a região e se os sistemas agroflorestais “são compatíveis” com a cada vez maior escassez de água.

“Importa refletir se a introdução de culturas intensivas e superintensivas é compatível com o que pretendemos para o futuro de sustentabilidade dos sistemas e da própria agricultura”, disse o presidente da Câmara de Évora, lamentando que a região tenha vindo a assistir a “uma alteração muito significativa da paisagem”, não só decorrente da expansão das culturas de olival e amendoal, mas também da instalação de painéis fotovoltaicos.

“Isto tem de nos obrigar a ter uma perspetiva de futuro”, defendeu o autarca, referindo a existência de “interesses económicos poderosos” à volta da agricultura superintensiva e das denominadas energias verdes. “São projetos económicos que não podem ser apenas analisados pela sua viabilidade, mas também pelos impactos que têm a médio e longo prazo”.

Já Carlos Marques, “arquiteto de profissão e fotógrafo de paixão”, disse ser necessário “reaprendermos a olhar para o que está à nossa volta”, e lamentou que se esteja a “deixar descaracterizar” o Alentejo. “O turismo puxa pelo Alentejo, pelas suas características únicas, pela sua paisagem, e estamos a perder isso, essa imagem está profundamente ameaçada pela plantação louca de árvores de toda a maneira, o que isso significa de consumo de água”, criticou.

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