Na passagem dos seus 90 anos, a Casa da Arquitetura decidiu atribuir a Nuno Portas o título de Associado Honorário 2024, distinção que foi entregue por Elisa Ferreira, Comissária Europeia da Coesão e Reformas, a André Portas, neto de Nuno Portas. Seguiu-se uma conversa sobre “Nuno Portas: Arquiteto, Urbanista, Historiador, Crítico, Político”, inserida no programa paralelo da exposição “O que faz falta. 50 anos de arquitetura portuguesa em democracia”, com a participação de Alexandre Alves Costa, Elisa Ferreira, Maria Manuel Oliveira, Jorge Figueira e Nuno Sampaio.
Nascido em Vila Viçosa a 23 de setembro de 1934, Nuno Portas estudou no Instituto Nun’Alvares e na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde se licenciou em arquitetura em 1959. Dois anos antes, tinha começado a trabalhar com Nuno Teotónio Pereira no icónico atelier da Rua da Alegria, onde se manteve de 1957 a 1974. Em 1958 associou-se à revista “Arquitetura”, que veio a dirigir e na qual escreveu textos que lhe valeram o prémio Gulbenkian de Crítica de Arte, em 1963.
A Ordem dos Arquitetos, aquando de uma homenagem que lhe prestou em 2017, sublinha que o arquiteto calipolense propôs abordagens projetuais interdisciplinares no sector e teve um “contributo decisivo na divulgação internacional dos arquitetos portugueses da geração de 60”.
Após o 25 de Abril, assumiu o cargo de secretário de Estado da Habitação e Urbanismo, que conservou durante os três primeiros governos provisórios, instituindo políticas de habitação que valorizavam o processo de participação pública e o direito à cidade.
No exercício dessas funções, fomentou a criação de cooperativas de habitação e de Gabinetes de Apoio Técnico (GAT) estruturas da administração Central descentralizadas de apoio aos Municípios, concebeu o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), por despacho conjunto com o ministro da Administração Interna, Costa Brás.
O SAAL foi um programa estatal com o objetivo de atender às necessidades habitacionais de populações desfavorecidas no país que veio a tornar-se uma referência ímpar na história da arquitetura nacional e até internacional em termos de participação popular em processos de desenho habitacional e urbano.
Nuno Portas desencadeou ainda o processo conducente à adoção dos Planos Diretores Municipais. Depois desta passagem pelo Governo, Nuno Portas partiu para Madrid, onde coordenou o processo de planeamento dos 25 municípios que constituem a Área Metropolitana da capital espanhola.
No plano político local, Nuno Portas foi eleito vereador da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia (1989-1994), onde assumiu o Pelouro do Urbanismo, e membro da Assembleia Municipal de Vila Viçosa.