PUBLICIDADE

Vila Viçosa: Fundação da Casa de Bragança vai avançar com obras no castelo

Fundação da Casa de Bragança avança com projeto de restauro e requalificação do conjunto fortificado do Castelo de Vila Viçosa. Obra poderá ser financiada pelo PRR. Ana Luísa Delgado (texto) e Gonçalo Figueiredo (fotografia)

Ainda não há data para o avanço das obras, nem a certeza de financiamento. Mas um relatório preliminar já foi entregue pela Fundação da Casa de Bragança à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo. A ideia será apresentar uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A intervenção de restauro no Castelo de Vila Viçosa custará “alguns milhões de euros”, que o presidente da Fundação, João de Azevedo, diz ainda ser “prematuro” quantificar com exatidão. A vontade é avançar com os trabalhos, até porque está em curso a candidatura a Património da Humanidade.

“Sabe que, na realidade, temos ali três castelos”, desabafa João de Azevedo. “Há aquele que se vê, por exemplo, a partir da Praça [da República], o mais antigo, a chamada Cerca Medieval, que envolve toda aquela zona, todas aquelas casas, mas temos depois o castelo artilheiro, de construção mais tardia, onde neste momento estão instaladas as coleções de caça e de arqueologia, e ainda uma terceira linha de muralhas, construídas à pressa na altura da Restauração”.

É nesta “terceira linha” defensiva, a que o engenheiro militar holandês Joannes Cieremans, conhecido em Portugal por Cosmander, adicionou “um sistema de estrelado poligonal” e que o general alemão Schomberg fortificaria em 1662, “para o último grande episódio bélico vivido por esta fortaleza” na sequência das Guerras da Restauração de 1640, que se encontram alguns problemas. “As construções foram feitas com menor qualidade, algumas árvores foram crescendo e começaram a danificar um pouco essas estruturas, também pela escorrência de águas. Precisamos de fazer um reforço das muralhas, sobretudo dessas”, adianta o presidente da Fundação da Casa de Bragança, sublinhando que esta é mesmo a intervenção “mais premente”.

Depois, será também necessário retirar ervas e plantas, “proceder a uma limpeza dos panos de muralha, melhorando as condições de segurança” de quem visita o monumento. “As pessoas, às vezes, não compreendem que as muralhas não são para andar a brincar, que são para visitar com atenção”. A componente paisagística será outra área a trabalhar, “não só através da iluminação do Castelo, mas também com o transplante de algumas árvores e arbustos para permitir uma melhor visibilidade das muralhas e uma melhor harmonia com a área envolvente”.

Já no interior do que João de Azevedo define como “castelo artilheiro”, o objetivo é tornar visitáveis áreas que permanecem encerradas ao público e “integrá-las num percurso museológico”. Segundo detalha, um dos projetos será “criar um centro interpretativo da Tapada de Vila Viçosa no edifício onde anteriormente funcionava a residência da guarda e que hoje está fechado, para que as pessoas possam perceber melhor o que é a Tapada, o montado, as espécies animais ali existentes, como os veados ou os gamos”.

Finalmente, “e como já estamos a mexer nisto tudo”, a Fundação quer também criar melhores condições de acessibilidade ao conjunto fortificado, também a pensar nas pessoas com mobilidade reduzida. “Há situações em que isso é impossível, como no Paço Ducal, onde não faz sentido nenhum colocar um sistema elevatório na escadaria principal, mas no castelo artilheiro há um local, meio escondido, onde se pode instalar um elevador, sem um impacto visual muito significativo, de maneira a possibilitar que pessoas em cadeira de rodas possam visitar o circuito da ronda, na parte superior do monumento”, explica João de Azevedo, sublinhando não saber ainda se a intervenção prevista será concretizada “de uma só vez, ou de forma faseada”.

Tudo isso, claro, “dependerá do projeto”, a cargo dos arquitetos Pedro Pacheco e José Aguiar, equipa “com muita experiência neste domínio” e com outros trabalhos semelhantes no país, como em Juromenha ou Monsaraz.

“O chamado relatório prévio já foi entregue à CCDR do Alentejo, para análise, antes de ser submetido ao Património Cultural IP. Depois será elaborado o projeto, que será novamente entregue a essas entidades, integrando eventuais recomendações, e só então se avançará para a abertura do concurso”, diz o presidente da Fundação da Casa de Bragança, segundo o qual o Castelo, propriamente dito, o tal que é visível da Praça da República, “tem zero problemas estruturais”, tal como o que sucede com o espaço onde se encontram instaladas as coleções de caça e arqueologia.

Já a “terceira linha de defesa”, essa sim, está a carecer de uma intervenção de restauro. “Em alguns sítios, houve mini-derrocadas parciais que não colocam em perigo as pessoas ou as próprias muralhas, mas deverá ser por aí que iremos começar”, conclui.

“UMA MAIS-VALIA PARA A CANDIDATURA À UNESCO”

O presidente da Fundação Casa de Bragança considera que o avanço das obras de requalificação do conjunto fortificado constituirá uma “mais-valia” para a candidatura de Vila Viçosa a Património da Humanidade, formalizada junto da Unesco no início deste ano. “Não é pelo facto de estarmos com a candidatura que as obras irão avançar”, diz João de Azevedo, reconhecendo que, ainda assim, permitirá “afirmar junto da Unesco que aquilo que estão a declarar como Património da Humanidade está a ser cuidado de forma correta”.

Partilhar artigo:

edição mensal em papel

PUBLICIDADE

Opinião

PUBLICIDADE

© 2024 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar