Cendrev repõe “Autos da Revolução”, a partir de textos de Lobo Antunes

O Centro Dramático de Évora regressa aos textos de António Lobo Antunes para dar voz às inquietações e esperanças de um povo em rebelião. “Autos da Revolução” volta esta semana ao Teatro Garcia de Resende, num reencontro com a liberdade e com as cicatrizes de um país que ainda se pergunta o que fez dos sonhos de Abril.

O espetáculo, cujos textos do autor de “Fado Alexandrino” e “O Manual dos Inquisidores” foram selecionado por Pierre-Étienne Heymann, é representado no Salão Nobre do Teatro Garcia de Resende, desde hoje e até sábado, sempre às 19h00.

Fonte do Cendrev lembra que a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril convidou 10 companhias de teatro históricas para “apresentarem uma criação artística ou reposição que contribua para a consciência pública do papel que o teatro desempenhou na transição democrática”. 

“Foram selecionadas companhias de teatro com atividade no período da Revolução e que nasceram ou se consolidaram nesse período”, como o Cendrev, disse a mesma fonte, indicando que os projetos, avaliados pela Direção-Geral das Artes (DGArtes), estão a ser executados até final deste ano.

O Centro Dramático de Évora recorda que o seu projeto teatral criado em Évora, em janeiro de 1975, “é, naturalmente, filho legítimo da Revolução portuguesa”. Por isso, perante o desafio integrado nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que arrancaram no ano passado, “surgiu de imediato a ideia de voltar, mais uma vez, aos textos de António Lobo Antunes”. 

“Estes tinham resultado já num primeiro espetáculo, em 2004, e numa segunda abordagem, em 2014, numa parceria do Cendrev com a ACTA – Companhia de Teatro do Algarve”, evocou.

Ambos os projetos tiveram dramaturgia e direção de Pierre-Étienne Heymann, “homem de teatro, profundamente conhecedor da obra deste autor que se debruçou sobre a revolução portuguesa em várias das suas obras”, explicou a companhia. 

“Convocámos este painel de personagens, genialmente desenhados pela poética e perspicácia de Lobo Antunes, para confrontar o público com um conjunto de olhares e inquietações sobre esses acontecimentos que transformaram profundamente a vida do povo português”, acrescenta. 

Com a Revolução de Abril, argumenta ainda o Cendrev, “não foi conquistada apenas a liberdade e a democracia política”, mas “criaram-se também condições para notáveis avanços civilizacionais que hoje estão a ser profundamente delapidados”.

Uma vez que o teatro é “um espaço privilegiado de encontro e reflexão dos homens, este acontecimento maior da nossa História não podia deixar de constituir matéria do nosso trabalho”, argumentou a companhia teatral alentejana.

A peça “Autos da Revolução” estreou-se a 25 de outubro do ano passado, na Biblioteca Municipal de Arraiolos, e foi posteriormente apresentada em diversas cidades do país.

A reposição do espetáculo é acompanhada, tal como na primeira vez, pela exposição itinerante “Liberdade! Liberdade! A Revolução no Teatro”, organizada pelo Museu Nacional do Teatro e da Dança, com o apoio da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 Abril.

Com curadoria de Nuno Costa Moura e em circulação pelo país, a mostra, que abre às 17h30 de hoje, vai ficar patente no Teatro Garcia de Resende, em Évora até 11 de maio, abordando o papel da arte teatral na transição entre regimes.

Fotografia | Carolina Lecoq/Cendrev

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