Adjudicada pela Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) por 64,9 milhões de euros, numa decisão tomada por unanimidade, a obra corresponde à construção da rede de infraestruturas primárias do aproveitamento hidráulico do fins múltiplos do Crato, a denominada Barragem do Pisão, e representa mais de um terço do volume global de investimento.
Para Hugo Hilário, presidente do Conselho Intermunicipal da CIMAA, trata-se de um “passo histórico para a concretização da vontade de um território, que, desde a primeira hora, convergiu numa decisão” sobre este empreendimento.
“Sabíamos que este era um processo exigente, mas também sabemos que nada de impactante e de diferenciador acontece, sem termos de passar por todas as etapas com muita competência e com muita eficácia. Com esta adjudicação, chegamos a uma fase que reitera algo que já fomos afirmando ao longo dos últimos tempos: a Barragem do Pisão vai ser uma realidade”, garantiu Hugo Hilário.
As infraestruturas primárias são, essencialmente, compostas pela barragem propriamente dita, com uma altura máxima de 54 metros e cuja albufeira terá 726 hectares de área inundada, com um volume de armazenamento total de 116,2 hectómetros cúbicos.
Trata-se do mais avultado investimento inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com uma dotação de aproximadamente 141 milhões de euros, a que acrescem mais 10 milhões previstos no Orçamento do Estado.
“A sua concretização”, lembra a CIMAA, “permitirá garantir de forma sustentada o abastecimento público de água, o estabelecimento de novas áreas de regadio e a produção de energia a partir de fontes renováveis, contribuindo de forma decisiva para o desenvolvimento económico da região e consequentemente com um profundo impacto positivo na qualidade de vida da população”.
No âmbito deste projeto será necessária a deslocalização da Aldeia do Pisão, no concelho do Crato, que ficará inundada, para uma nova aldeia, que irá nascer junto ao lugar do Monte da Velha. Para isso, está prevista para o início de 2025, a apresentação do projeto para a nova aldeia.
Joaquim Diogo, presidente da Câmara do Crato, assegura que “neste momento, todas as componentes deste projeto estão em conformidade ambiental”, ainda que com algumas condicionantes, naturais de um projeto com esta dimensão, e que estão “devidamente calendarizadas e identificadas”.
“Estamos a levar a cabo um trabalho muito rigoroso, com todas as entidades, quer do ponto de vista ambiental, quer do ponto de vista legal. Queremos ser exemplares”, sublinhou o autarca.