No início do ano, o presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, António Saraiva, reconheceu as “condições pouco dignas” em que se encontravam os cerca de 60 utentes dos lares da instituição no centro histórico de Beja [lares José António Marques e Henry Dunant] e anunciava o seu encerramento até 31 de julho. Apesar dos protestos dos funcionários e dos familiares dos utentes, o prazo foi cumprido: a Casa de Repouso Henry Dunant encerrou esta quarta-feira.
Ao Jornal de Notícias, a Cruz Vermelha Portuguesa assegurou que “garantiu uma solução” para os idosos dos dois lares, esclarecendo que “foi possível recolocar 39 utentes em outros equipamentos num processo realizado em estreita colaboração com as famílias e a Segurança Social” e que “82% desses utentes foram recolocados a menos de 50 quilómetros da área de residência dos seus familiares, podendo requerer o processo de reaproximação”. Outros 17 terão saído “por iniciativa própria, tendo as famílias optado por outras alternativas”.
Sem resposta, que não o desemprego, ficaram os 29 trabalhadores dos dois lares, na sua maioria mulheres, muitas com dezenas de anos de trabalho para a Cruz Vermelha. No início deste mês, uma dessas trabalhadoras, Emídia Bexiga, de 61 anos, com 36 anos de trabalho na instituição, afirmava à Alentejo Ilustrado sentir-se com os pés e mãos atadas: “Não sei se terei alguma indemnização, não sei nada. Não há soluções para os trabalhadores, esquecem-se das famílias, das pessoas”,
Em junho, a Cruz Vermelha revelou ter comunicado aos trabalhadores a “impossibilidade” de os recolocar noutras respostas sociais, mas dizia-se empenhada em “efetuar contactos com grandes empregadores da região, com o intuito de encontrar soluções profissionais para o maior número de trabalhadores”, garantido um “acompanhamento individualizado de cada trabalhador tendo em conta a sua situação socioeconómica”. Acabaram no desemprego.