Denominação geográfica dos tapetes. Mangualde e Gaia querem ser… Arraiolos!

O presidente da Câmara de Mangualde, Marco Almeida, defendeu a integração do concelho na denominação geográfica dos tapetes de Arraiolos, argumentando que os artesãos locais mantêm viva esta expressão cultural com rigor técnico e respeito pela tradição.

O presidente da Câmara de Mangualde, Marco Almeida, defende a integração do concelho na denominação geográfica dos tapetes de Arraiolos, porque os seus artesãos se preocupam em “manter viva esta expressão cultural”.

Na semana passada, a presidente da Câmara de Arraiolos, Sílvia Pinto, anunciou ter contestado um parecer do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) que propõe a inclusão de Mangualde, e de Vila Nova de Gaia, na denominação geográfica da confeção dos tapetes de Arraiolos, no âmbito do processo de certificação.

Marco Almeida explica que “o tradicional e prestigiado tapete de Arraiolos, um símbolo maior do artesanato português e do saber-fazer alentejano, há muito que é praticado em Mangualde”. Essa prática – refere – tem acontecido “com rigor técnico, fiel às técnicas tradicionais e com um profundo respeito pela arte original”, preservada pelos artesãos deste concelho do distrito de Viseu.

Na opinião do autarca socialista, a proposta IEFP não pretende desvalorizar a origem histórica dos tapetes de Arraiolos, mas “reconhecer a sua continuidade e autenticidade noutros territórios”.

“O país só tem a ganhar quando valoriza a diversidade artesanal, quando reconhece que o património imaterial é preservado, não apenas onde nasceu, mas também onde permanece vivo”, considerou.

Segundo o autarca de Mangualde, “o objetivo não é apagar a origem”, relativamente à qual não há dúvidas, “mas alargar o reconhecimento àqueles que, com respeito pela tradição, mantêm viva esta arte e a levam mais longe”. Sendo que o bordado de Mangualde não compete com o de Arraiolos, mas “complementa-o, fortalece-o e assegura a continuidade de uma das mais belas expressões do artesanato português”.

Por isso, excluir o Município deste processo “seria negar a natureza viva da cultura, que não é estática, mas está em constante evolução”. 

Sílvia Pinto admite ter ficado chocada com o parecer do IEFP. Segundo a autarca, a Câmara de Arraiolos entregou, em julho passado, o processo de certificação dos tapetes no Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (CEARTE), da Rede de Centros do IEFP específico para as artes e ofícios.

“Entretanto, recebemos um parecer em que teríamos que incluir, nesta nossa denominação geográfica, Mangualde e Vila Nova de Gaia, mas nós não podemos concordar com uma coisa destas”, afirma.

Assinalando que “o tapete de Arraiolos é confecionado em Arraiolos”, Sílvia Pinto reconheceu que, por os tapetes terem origem neste concelho, “não invalida que outros façam, mas não lhe chamem tapete de Arraiolos”.

“Podem chamar-lhe tapete tipo Arraiolos, qualquer coisa deste tipo, mas não nos peçam que façamos um caderno de certificação que venha a incluir a área geográfica de Mangualde [distrito de Viseu] e de Vila Nova de Gaia [distrito do Porto]”, conclui.

Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: D.R.

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