Numa reação às críticas da Federação do Baixo Alentejo do PS pela substituição de carruagens nas ligações entre Beja e Lisboa, o parlamentar social-democrata defendeu que é necessário assumir responsabilidades pela situação atual da ferrovia.
Em nota de imprensa, Gonçalo Valente critica a solução encontrada por anteriores Governos socialistas para reforçar a ferrovia nacional, apontando para a aquisição de material obsoleto. “A solução que o Governo socialista encontrou para reforçar a ferrovia nacional foi comprar carruagens em final de vida a Espanha e requalificá-las, esquecendo-se que o aspeto visual não se substitui àquilo que é a fiabilidade do material circulante, o seu motor”.
Segundo o deputado, os motores das carruagens importadas já apresentavam sinais de desgaste, o que tem provocado avarias frequentes e levado à sua retirada de circulação. “É muito natural que as avarias sejam frequentes, o que resulta em constantes reparações e à retirada das composições das linhas férreas”.
Nessa sequência – refere – a CP tem recorrido a um sistema de substituições internas para assegurar o funcionamento dos serviços. “Sempre que surgem estes constrangimentos a CP recorre à rede nacional e faz substituições para que os serviços sejam garantidos, ou seja, retira de um lado para pôr noutro”, afirmou o deputado, acrescentando que, para manter a operação nas linhas afetadas, “muitas das vezes recorrem a locomotivas mais antigas”.
Apesar de reconhecer o impacto negativo para a Linha do Alentejo, Gonçalo Valente sublinha que esta situação ainda não se tinha verificado até ao momento. “A nossa Linha do Alentejo tem-se furtado a estas substituições até à data, desta vez calhou-nos a nós. Se estou contente com a decisão da CP? Não estou. Se estou conformado? Nunca”.
No documento, o deputado social-democrata critica também o PS por lamentar o estado da ferrovia no Baixo Alentejo. “Vem o PS dizer que o Baixo Alentejo sempre foi discriminado no que toca à ferrovia, verdade, e que nas últimas décadas circulam as locomotivas piores do país, e pergunto eu: Quem é que governou nos últimos oito anos? Quem é que governou 23 dos últimos 30 anos? Pois, precisamente o PS”.
Apontando as limitações atuais no sector, Gonçalo Valente diz que o novo Governo herdou uma situação difícil, agravada por um processo judicial em curso relativo à aquisição de novos comboios. “Este material não se consegue comprar num ‘stand’ como se compra um automóvel”, justifica.
Em tom crítico, lembra ainda que o plano de recuperação do material circulante iniciado em 2019 pelo Governo liderado por António Costa, cujo resultado foi a compra de comboios “em fim de vida”, além da desativação da linha Beja-Funcheira e da manutenção da ligação Beja – Casa Branca com composições antigas, que apelidou de “geringonça”.
Gonçalo Valente garante ainda estar a acompanhar de perto o processo e deixou uma promessa: “Já bati a várias portas e o que podemos esperar é uma intervenção o mais rápido possível para que a reposição seja feita o quanto antes”.