Basta olhá-los, basta vê-los em fotografia calados, para adivinhar de que falam. Do triste passado, do deplorável presente atolado, onde aparentam nadar. Nadar para onde? Ninguém sabe, nem eles. Nem olham para a ponta dos sapatos, a ponta do nariz, fitados que andam no horizonte abilhado do Évora 27. Reparem como ela brilha a deífica estrelinha a escoltar, perseguindo-a todos nós sem roque nem bússola outra, a não ser o esboço deles, de um credo feles.
As ruas estão sujas, contestam, é culpa dos que nelas os lixos depositam. As ervas por aí brotam, sendo culpa daqueles que vivendo à sua beira, não as cortam. As taxas e os impostos locais, estão atempadamente pagos? porque isso também é culpa das meninas e meninos bem-comportados. Sim? Porque no dia 21 temos de receber… Ah! Que bom! Pelo menos alguma coisa, os eborenses sabem fazer!
Escasseiam os votos daqui a pouco, vergonha do louco que grita, mas isto com mais uns tachos, mais uns favores e muitos louvores, pode ser que se resolva, com a ajuda de débeis apostas e de falsas flores. Lembras-te como há quatro anos se resolveu? meditam esfregando eles as mãos, com as quais tanto apertam, e nada libertam.
É vê-los, de longe porque de perto não nos querem, de braços cruzados e olhares carregados, apenas os dois porque eleitos não foram mais, proferindo as verdades, oficializando o discurso de uma governança debilitada, nesta terra queimada. Tudo se faz com os dentes cerrados, entre portas tapadas, e se decide de postigos fechados. Aqui nenhuma abelha é sequer outorgada a voar, não vá ela ajudar, ou talvez, possa perturbar.
Ei-los orgulhosamente sós, para quem só, não está. Têm lá palmadinhas nas costas, palavrinhas mansas e falinhas tansas. Ou não estariam eles ali, sentados, sérios a falar.
Daqui a um ano o povo vota. Veremos se no futuro, ou na velha bota. Irra que se faz tarde.