A mostra, intitulada “Emília Nadal: espaço, tempo e transcendência – Uma retrospetiva”, reúne obras produzidas entre 1957 e 2015 e estará patente até 11 de janeiro de 2026.
Segundo a diretora do museu e comissária da exposição, Sandra Leandro, a retrospetiva “tenta mostrar várias fases e metamorfoses” do percurso artístico de Emília Nadal, destacando sobretudo pintura, desenho e objetos. A mostra foi concebida “em diálogo com a artista plástica que, na inauguração, irá fazer a performance Slogans Comestíveis”, acrescenta a responsável.
A exposição está organizada em sete núcleos temáticos — entre eles Auto-retratos e Slogan’s — e integra obras provenientes de coleções particulares e da Coleção de Arte Contemporânea do Estado.
Nascida em Lisboa em 1938, de ascendência catalã, Emília Nadal estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio e licenciou-se em pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1960. Com formação em cerâmica e gravura, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian para investigação em artes visuais. Além da produção artística, é autora de vários ensaios e artigos sobre educação estética e ensino artístico, tendo também integrado o conselho consultivo da Fundação Gulbenkian e presidido à Sociedade Nacional de Belas Artes.
Entre as obras mais emblemáticas da artista destaca-se “Skop” (1979), uma caixa de detergente onde se lê que é “para todos os programas de lavagem ao cérebro”, e “A esposa ideal” (1976), uma embalagem com o rosto de uma mulher e a inscrição “pronto a usar”.
A sua obra — que atravessa o simbolismo religioso, o abstracionismo, a arte figurativa e a pop art — está representada em instituições como o Museu de Serralves, o Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian e a Galeria de Arte Contemporânea do Funchal.
Distinguida desde cedo, recebeu em 1959 os Prémios Anunciação e Lupi de Pintura da Academia Nacional de Belas Artes e, em 1977, o Prémio Internacional de Desenho Joan Miró. Em 2012, foi condecorada pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com o grau de Grande Oficial de Mérito Civil, e este ano recebeu a medalha de mérito cultural atribuída pelo Governo português.
Com esta retrospetiva, o museu de Évora propõe uma leitura abrangente da obra de uma artista que, ao longo de mais de seis décadas, soube reinventar-se sem perder o sentido crítico. Um percurso onde o gesto, a cor e o pensamento continuam a desafiar o olhar e a interrogar o mundo.
Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: Tiago Petinga/Lusa/Arquivo











