Empresas de Odemira querem residência coletiva para trabalhadores

A associação que representa empresas hortofrutícolas do sudoeste alentejano quer criar na região de Odemira uma residência coletiva para trabalhadores imigrantes temporários, inspirada em projetos existentes em Espanha.

O presidente da AHSA – Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores do Sudoeste Alentejano, Luís Mesquita Dias, revelou que “há uma intenção” da entidade “de tentar ajudar a replicar na região o exemplo espanhol” da Residência Tariquejo, em Cartaya, na província de Huelva, região da Andaluzia.

“Foram sondadas algumas empresas locais e julgamos que vamos encontrar parceiros interessados e disponibilidade por parte da autarquia” de Odemira, afiançou Luís Mesquita Dias.

O presidente da AHSA falava no final do colóquio “Regadio e Alojamento: Fatores Críticos de Sucesso em Odemira”, que a entidade que lidera promoveu no Cineteatro Camacho Costa, naquela vila alentejana.

No âmbito da iniciativa, intervieram, através de videoconferência, dois dos responsáveis da Tariquejo – Residencia Para Trabajadores Temporeros, construída num terreno cedido pelo município de Cartaya e detida por uma cooperativa de 11 empresas agrícolas, que tiveram apoio do Governo.

Há uns meses, num debate na Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), em Beja, já tinha sido apresentado este projeto como exemplo de boas práticas.

Mais recentemente, a EDIA promoveu uma visita à residência espanhola, em que participaram representantes de empresas, de municípios e de outras instituições do Alentejo.

Luís Mesquita Dias conhece no terreno o projeto espanhol e considera que “quando as coisas têm mérito e ajudam a resolver problemas” é preciso “replicá-las no território”.

“Não é preciso fazer uma réplica exata do que os espanhóis fizeram. Temos é que pegar nessas boas ideias e, depois, tentar ter, da parte das autoridades locais, a abertura que tiveram em Espanha e que aqui nem sempre se encontra”, alertou. No caso de Odemira, a AHSA tem vindo a “aproximar posições com o presidente da câmara”, Hélder Guerreiro.

A residência da Tariquejo, fundada em 2010, é um edifício construído em alvenaria, situado num complexo no qual têm sido adicionadas, ao longo do tempo, mais algumas casas e também contentores.

Os quartos têm duas a três camas, casa de banho, zona de refeição, frigorífico, máquinas de lavar. Os imigrantes podem frequentar cursos de castelhano e outras formações e existem, espalhadas pelo edifício, indicações no seu idioma de origem e em espanhol.

O modelo assenta na contratação de trabalhadores imigrantes na origem, sobretudo mulheres marroquinas ou homens da América do Sul, que ficam em zonas separadas do complexo.

A quantidade de trabalhadores é indicada pelas empresas antes de cada campanha agrícola e solicitada às suas organizações representativas e, a seguir, autorizada pelo Governo.

Os contratos são assinados na origem, os voos são pagos aos imigrantes e, no final da campanha, regressam aos seus países de origem, sendo que, a maioria, volta a Espanha no ano seguinte, segundo os responsáveis da cooperativa.

A residência tem uma equipa multidisciplinar que acompanha os imigrantes e o transporte de e para as empresas é garantido por cada uma delas. O transporte para a localidade mais próxima, assim como para consultas no serviço de saúde, entre outros, é disponibilizado pela cooperativa.

A intenção de avançar com uma residência coletiva seria mais uma solução para alojar trabalhadores imigrantes na zona do sudoeste alentejano, a juntar aos já existentes arrendamento nos aglomerados urbanos e Instalações de Alojamento Temporário Amovíveis (IATA) nas explorações.

“Neste momento, há IATAS que dão para mais de 2.000 pessoas e há ainda mais mil e tal em construção e legalização”, revelou Luís Mesquita Dias, frisando que é “manifestamente pouco” para as necessidades das empresas e lamentando a “morosidade do processo”.

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