Entre deuses e impérios, Festival de Teatro Clássico regressa a Mérida

O Festival Internacional de Teatro Clássico de Mérida está de regresso, com mais de 150 representações entre julho e agosto, dez das quais no antigo Teatro Romano. Uma programação que o reafirma como uma das grandes referências das artes cénicas em Espanha. Luís Godinho (texto)

A71.ª edição do Festival Internacional de Teatro Clássico de Mérida, que decorre até 31 de agosto, reafirma-se como um dos grandes marcos das artes cénicas em Espanha, com uma programação de 150 espetáculos e uma forte aposta na internacionalização.

“O Festival de Mérida é uma das grandes referências teatrais e culturais de Espanha”, afirma Jesús Cimarro, diretor do festival, sublinhando que o reconhecimento internacional tem permitido “construir e fortalecer alianças culturais com outros países, transcendendo fronteiras como símbolo das artes performativas”.

Trata-se de criar “laços” com outras cidades, incluindo Lisboa ou Évora, que “partilham profundas raízes culturais e sítios arqueológicos importantes como parte da província romana da Lusitânia, construindo pontes entre o antigo e o contemporâneo”.

Já a conselheira da Cultura da Junta da Extremadura, Victoria Bazaga, destaca o papel do Festival de Mérida como “um dos grandes embaixadores da cultura espanhola”, sublinhando o seu impacto na projeção internacional da região e a sua importância como motor de dinamismo turístico e artístico.

“É um festival que transcende fronteiras”, afirma Victoria Bazaga à “Alentejo Ilustrado”, sublinhando a relevância crescente da cooperação cultural com Portugal e a vontade de estreitar laços, desde logo porque em 2013 a Capital Europeia da Cultura será em Espanha. “A Extremadura orgulha-se de ter um festival como este, que mostra o melhor da nossa história e da nossa criação artística”, resume.

Com epicentro no Teatro Romano de Mérida — um dos mais antigos teatros ainda em funcionamento no mundo —, o festival mantém o foco na apresentação de comédias e tragédias clássicas da tradição greco-romana. Nesta edição, a programação principal inclui dez grandes espetáculos, dos quais oito são estreias absolutas.

A abertura faz-se com “Numancia”, peça inspirada na povoação homónima destruída pelas tropas romanas de Cipião Emiliano em 133 a.C., após um cerco de 11 meses que pôs fim a uma feroz resistência de duas décadas, a que se seguirá “Alexandre e o Eunuco Persa”, dirigida por Pedro A. Penco.

Depois teremos uma das semanas mais internacionais da edição deste ano, já que, por meio de um acordo firmado com o Festival de Óstia (Itália), “Ifigénia” retornará ao Teatro Romano nos dias 15 e 16, antes de viajar para Roma. Esta colaboração também permitirá que “Édipo Rei”, uma produção da Fondazione Teatro de Roma, chegue a Mérida a 18 e 19 de julho.

Entre 23 e 27 deste mês o palco do teatro romano estará por conta do musical “Cleópatra Apaixonada”, dando depois lugar a “Electra”, figura da mitologia grega aqui revisitada por Eduardo Galán, numa peça dirigida por Lautaro Perotti.

A programação continuará com “Memórias de Adriano”, baseada na obra de Marguerite Yourcenar, exibida de 6 a 10 de agosto. Três dias depois será encenada “As Troianas”, com direção de Carlota Ferrer e protagonizada por Isabel Ordaz, a que se seguirá, entre os dias 20 e 24, “Os Irmãos”, peça datada do século II antes de Cristo, da autoria do dramaturgo e poeta romano Terêncio.

O Festival encerrará com “Jasão e as Fúrias”, em palco de 27 a 31 de agosto, uma coprodução do Festival de Mérida e do Teatro del Noctámbulo, dirigida por Antonio C. Guijosa.

Além dos espetáculos, o festival promove várias atividades paralelas, incluindo este ano a exposição “Essa Minoria Imensa”, uma mostra dedicada à maioria invisível da sociedade romana — camponeses, escravizados, mulheres, soldados, comerciantes, artesãos ou gladiadores. A exposição estará patente durante julho e agosto no Festival de Mérida e no Museu Romano de Oiasso, em Irún, seguindo em novembro para o Museu do Teatro Romano de Lisboa.

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