Estremoz: Academia Sénior chega à maioridade. 18 anos a combater a solidão

Em dezembro, a Academia Sénior de Estremoz irá celebrar 18 anos. Nasceu em 5 de dezembro de 2006, resultado duma parceria entre a Câmara e instituições culturais e de solidariedade. O objetivo permanece igual: combater a solidão. Mariana Miguéns (texto)

Participar nos cursos e atividades de aprendizagem promovidas pelas academias seniores, diz que as frequenta, mantém o cérebro ativo, o que ajuda a prevenir o declínio cognitivo e doenças como o Alzheimer e outras formas de demência. O convívio com outras pessoas da mesma faixa etária proporciona um apoio emocional e aumenta a sensação de “pertença”, sendo que a socialização é fundamental para combater a solidão e a depressão em idades mais avançadas.

“A academia fez com que eu tivesse uma rotina, horários… antes não tinha horas para comer, nem para dormir, agora se tiver aulas é diferente”, diz Eglantina Coias Estriga, de 82 anos, que integra este grupo desde 2006.

A Academia Sénior de Estremoz é dirigida a todos os membros da população a partir dos 50 anos, residentes no concelho. Este ano as aulas iniciam-se a 1 de outubro, com receção ao alunos, o que acontecerá na cerimónia de inauguração da 3.ª Feira do Idoso “Estremoz+Sénior”. Haverá disciplinas para vários gostos, das artes decorativas e culinária à barrística, do espanhol à jardinagem, cantares ou dança.

Neste momento a Academia conta com cerca de 150 alunos e tem como objetivo promover um envelhecimento ativo, o ensino e a saúde física e metal dos seniores, através de aulas, atividades lúdicas, passeios, seminários entre outras atividades.

“Entrei na academia sénior em 2006, tínhamos várias aulas, atualmente também temos, mas na altura tínhamos mais”, lembra Eglantina Estriga, que começou por frequentar a disciplina de bordada, “lecionada pela D. Lúcia”. Depois acabou por se inscrever noutras disciplinas. “Geralmente as aulas são no centro cultural, mas quando temos jardinagem vamos ao jardim, ao viveiro, além de visitarmos museus, adegas, queijarias. Também fazemos excursões, mas antigamente visitávamos mais sítios”, acrescenta a “estudante”, revelando que no último ano fuma das aulas que mais gostou foi a de “técnicas de medicina”, com o médico João Reis.

“O que me tira de casa é a academia, se não fossem as aulas já não tinha motivos para sair desta forma, é como se estivesse a trabalhar. Uma pessoa distrai-se, convive com outras pessoas da mesma idade, há sempre gente nova a chegar”, conta Eglantina Estriga. Gente nova e novas amizades, novos laços, como os que criou com Ana Maria Marques, outra da alunas.

“Vir para a academia”, conta Ana Maria, “foi o melhor que fiz. Vivo sozinha há 32 anos, no início os netinhos ainda eram novos e eu andava sempre para cá e para lá, agora que todos cresceram e têm as suas vidas tinha de fazer alguma coisa por mim. A Academia Sénior mudou tudo”. Chegou há nove anos, e por aqui, confessa, fez “grandes amizades, amigas de verdade”. A dança country continua a ser a sua disciplina favorita, ainda que as marcas do tempo não deixem de se fazer sentir: “Agora somos cada vez menos, estamos mais velhas e a dança country fica complicada para várias colegas… parece fácil, mas não é”.

Outra das suas paixões é a escrita: “Gosto de escrever crónicas e outros textos e foi aqui, na disciplina de conto e poesia, que desenvolvi esse gosto”. Essa possibilidade de aprendizagem já não existe na oferta da Academia, mas o “bichinho” da escrita ficou. Tal como o de participar no grupo de revista. “Investimos muito nesta disciplina, enquanto grupo somos mesmo uma família, mas quando falo em investir falo da parte de decorar os textos, dos figurinos, de estar em palco, apresentar as nossas peças, dessa dedicação toda que temos”, conta.

APRENDIZAGEM CONTINUA

Tendo surgido com a intenção de melhorar a qualidade de vida dos idosos, as academias seniores são uma resposta social, uma arma para o “combate” ao envelhecimento precoce e ao estilo de vida sedentário, oferecendo oportunidades de aprendizagem contínua, socialização e participação ativa na comunidade.

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