A Câmara de Estremoz já pagou mais de 24 mil euros pelo arrendamento de um espaço que ainda não utilizou, nem irá utilizar até (pelo menos) final do verão. Trata-se do arrendamento do imóvel onde funcionou o BNU, junto à Rotunda dos Combatentes. O contrato assinado entre o Município e um fundo imobiliário, proprietário do edifício, prevê o pagamento de uma renda mensal de quatro mil euros, durante o período de 10 anos. Serão 480 mil euros, dos quais os primeiros 24 mil já foram pagos, sem que o espaço tenha sido utilizado.
Em conferência de imprensa, o presidente da Câmara de Estremoz explicou recentemente que foram encontrados “problemas mais graves” do que os inicialmente detetados, “que poderiam colocar em causa a intervenção [de requalificação] do espaço”, o que atrasou o processo. Entre os problemas encontram-se infiltrações de água.
“Reunimos com o proprietário (…) que, não tendo de o fazer, assumiu os encargos e o espaço terá brevemente uma intervenção, por parte do proprietário, para resolver de vez as patologias que foram identificadas”, acrescentou José Daniel Sádio, garantindo que “no momento seguinte”, avançará a intervenção da Câmara para adaptar as instalações às necessidades dos serviços de ação social do Município, que para ali serão transferidos.
“Se tudo correr bem, quero acreditar que lá para o final do verão o problema esteja resolvido”, disse o autarca, lembrando ser necessário cumprir os procedimentos de contratação pública para a execução dos trabalhos.
O assunto começou por ser levantado em reunião de Câmara, pela vereadora Sónia Ramos, da Coligação Estremoz com Futuro, que se manifestou “surpreendida” com este atraso, referindo que o Município deveria ter “promovido uma vistoria ao edifício, para ver se estava em condições de começar a ser utilizado” para a finalidade prevista.
“As infiltrações normalmente são visíveis a olho nu”, acrescentou a vereadora, defendendo a necessidade de “um encontro de contas com o proprietário”, pois o Município continua sem poder utilizar o espaço. Na resposta, José Daniel Sádio disse que vistoria existiu, “houve avaliação e houve questões que devido à posterior carga pluvial se revelaram preocupantes”, daí a necessidade de realização de trabalhos por parte do proprietário.
No encontro com os jornalistas, o presidente da Câmara confirmou que as rendas têm estado a ser pagas, acrescentando que esse custo “está a ser imputado ao pacote financeiro” transferido da Administração Central para a autarquia. Isto porque, lembrou, o arrendamento será pago pelas verbas recebidas “para fazer face às novas competências” no âmbito da ação social. “A renda está a ser incluída no que recebemos. Se a Câmara não tiver despesa nessa rubrica não recebe esse dinheiro”, rematou.
“SOLUÇÃO EXCELENTE”
O imóvel onde funcionou o BNU destina-se a alojar os serviços de ação social do Município que, por força da aprovação de candidaturas ao Radar Social e Contratos Locais de Desenvolvimento Social, irão passar de cinco para 12 funcionários. “O es- paço que temos [Centro Cultural Dr. Marques Crespo] não é suficiente”, diz José Daniel Sádio. “Não tínhamos nenhum espaço com capacidade para alocar 12 funcionários e salas de reunião, em que temos de atender pessoas de forma privada”, prossegue o autarca, sublinhando tratar-se uma solução “excelente” que permitirá a funcionários e utentes disporem de “um espaço digno, central, acessível no centro de Estremoz”.