A abertura faz-se esta sexta-feira (19h00) e sábado (21h30) com “Frente-a-Frente”, de Inês Campos e Vahan Kerovpyan. A história leva-nos ao Porto, ao encontro de um senhor conhecido por Ramos Indiano que tem um arquivo impressionante de bandas sonoras de Bollywood sobre as quais canta e toca trancanholas.
O que o faz vibrar nesta cultura tão longínqua que o leva a apropriar-se destas mega produções com a sua voz e batendo dois paus de madeira um contra o outro? “Frente-a-Frente” entra no jogo: pega em culturas do mundo, apropria-se da potência delas com tambores, voz e corpo e volta a torná-las prática popular.
Também esta sexta-feira, mas pelas 21h30, estreia “Kabeça Orí”, uma criação e performance de Aoaní e Joyce Souza, com dramaturgia de Monalisa Silva e música de Xullaji. Consequência de uma trajetória que começou para Aoaní e Joyce Souza na cidade de Lisboa, acompanhando a história da presença negra neste território, em “Kabeça Orí”, em diáspora, duas mulheres negras somam os seus passos e constroem um caminho relacionado com negritudes, diáspora, memória e ancestralidade. A peça volta a ser apresentada no dia 16 de novembro, às 19h00.
Para os dias 29 e 30 deste mês, outras duas estreias. Uma delas assinada por Mafalda Banquart, intitulada “Flowers!”, uma performance que nos convida a revolucionar o modo como conhecemos e experienciamos o mundo. Combinando performance, reflexão filosófica e um dj set, a peça inspira-se, entre tantas outras coisas, em pinturas de Monet ou na discografia de Miley Cyrus.
A quarta estreia é “Cão de Sete Patas”, da artista Bibi Dória, um trabalho entre a ficção e o documentário, o sonho e a memória, que parte do filme “Copacabana Mon Amour” (1971), de Rogério Sganzerla. Personagem de referência no cinema marginal brasileiro, Sônia Silk sonha com cães de sete patas, homem-animais e outros monstros.
Nestes quatro dias, em Montemor-o-Novo, O Espaço do Tempo apresenta assim os quatro projetos que venceram a quarta edição das Bolsas de Criação, em 2023, após duas semanas de residência artística em contexto final de criação. Desde 2019 que este projeto na área das artes performativas contemporâneas constitui um “estímulo à criação nas áreas da dança, do teatro, da performance e dos cruzamentos disciplinares”, atribuindo um montante global de 100.000 mil euros, traduzido em quatro bolsas de 25 mil euros,
Como em toda a programação de O Espaço do Tempo, a entrada é gratuita. E as sessões serão acompanhadas por interpretação integrada em língua gestual portuguesa.