Évora/25 – Eleições “mais disputadas de sempre” com desfecho imprevisível

Em entrevista ao “Expresso”, João Oliveira, o candidato da CDU à presidência da Câmara de Évora, rejeitou o rótulo de “bombeiro de serviço”. Mas lá que parece, parece. Com dois eleitos da CDU, dois do PS, dois do PSD e uma vereadora independente, a dispersão de votos promete umas autárquicas disputadas até final.

Cenário em que, não se assumindo como “bombeiro”, o longo trajeto político de João Oliveira, eurodeputado e antigo líder parlamentar do PCP, apresenta-se como um “trunfo” jogado pela CDU na tentativa de manter a autarquia. “Temos de levar por diante, enfrentando as dificuldades que os nossos adversários vão colocar com grande confiança e, sobretudo, com uma grande certeza: o concelho de Évora tem pela frente um futuro de desenvolvimento e progresso, e tem na CDU a força de confiança que garante a sua concretização”, referiu o candidato, já em modo de campanha, na última Feira de São João.

Na tentativa de reconquistar a Câmara, os socialistas avançam para as eleições com outro “peso pesado” da política regional: Carlos Zorrinho, professor universitário, ex-deputado, duas vezes secretário de Estado, antigo coordenador nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, eurodeputado entre 2014 e 2024. “Tomei consciência de que entre os eborenses há um grande sentimento de desânimo, até de algum descontentamento”, sublinhou Carlos Zorrinho, quando a sua candidatura foi anunciada, indicando ter aceitado o desafio por entender que pode “ser útil à cidade”. Em setembro anunciou um programa “para transformar” o concelho em 10 anos, com o objetivo de “reposicionar” Évora como “grande capital europeia ao Sul”.

Embalado pela vitória em Évora nas últimas legislativas, o PSD repete nas autárquicas a candidatura de Henrique Sim-Sim, confiante que a oposição feita pelos sociais-democratas nos últimos quatro anos dá sinais de “muita confiança” para mudar a cidade. “Temos vindo a construir uma equipa e um projeto de grande proximidade com a população e estou convicto que teremos também a sua confiança para que possamos liderar a Câmara de Évora nos próximos anos”, afirmou o candidato, prometendo “resolver os problemas da cidade e dar um futuro mais ambicioso” ao concelho.

Florbela Fernandes volta a encabeçar a lista do Movimento Cuidar de Évora. “O que nos distingue das outras candidaturas é que somos a única que só serve os eborenses e Évora, não temos mais ninguém a quem obedecer”, afirmou. Uma das propostas é a criar um plano de salvaguarda do centro histórico e elaborar um novo relatório de classificação do edificado nesta zona da cidade. O plano de salvaguarda para gerir o centro histórico e dar “as ferramentas necessárias para garantir que quem quer investir e reabilitar o consegue fazer de uma forma mais ágil, menos exigente do ponto de vista burocrático e financeiro”, mas sem colocar em causa a preservação patrimonial, defendeu Florbela Fernandes, citada pela Lusa.

Na tentativa de chegar à vereação, Bloco de Esquerda, Chega e Iniciativa Liberal apresentam-se igualmente a votos. O candidato do Bloco é o engenheiro informático Pedro Ferreira: “Nestes tempos difíceis que se avizinham, comprometemo-nos a enfrentar os desafios da habitação, saúde, de uma melhoria na gestão autárquica, de transporte público que sirva de facto a população, de tornar o concelho mais sustentável”.

Esta tarde, o candidato criticou a ausência de visão estratégica da gestão CDU para responder a problemas de empresas como a aeronáutica Aernnova, que transporta diariamente trabalhadores de Setúbal. “O que está proposto ou o que foi proposto nos últimos anos, e no cumprimento do Plano Local de Habitação, não responde a esta necessidade de uma empresa” que, quando crescer, vai andar “taco a taco” com a Câmara de Évora como “a maior empregadora do distrito”, argumentou o candidato.

Pelo Chega avança o empresário dos sectores agrícola e imobiliário, Ruben Miguéis, autor de vídeos polémicos nas redes sociais: “Évora é uma cidade que tem tudo para ser melhor do que é”. Uma das suas propostas é a criação de um parque de estacionamento no edifício da antiga rodoviária e acabar com o “depósito de sucata” em que considera estar transformado.

“Uma cidade Património Mundial, [vai ser Capital Europeia da Cultura] Évora 2027 e tem um depósito de sucata no centro histórico. É inadmissível mais uma vez o que a câmara fez e está a fazer”, afirmou à agência Lusa.

Finalmente, a Iniciativa Liberal irá a votos com Fábio Cabaço, apostado na construção de “uma cidade mais ambiciosa, inovadora e livre”. O candidato já defendeu a realização de uma auditoria independente às contas municipais e prometeu criar um portal para divulgar as decisões camarárias. Manifestando preocupação com a situação financeira do município, o candidato da IL apontou a necessidade de se conhecer “o valor em dívida da câmara” e “se existem algumas más práticas nos departamentos de cobrança ou de pagamentos”.

Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: Arquivo/D.R.


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