Évora: Malvada junta Ondjaki e jovens africanos para dar voz às línguas que se cruzam

Palavras que atravessam continentes, vozes que fundem culturas. A cidade de Évora será palco, este sábado, de um momento único de criação artística, onde o escritor angolano Ondjaki e a Malvada Associação Artística se juntam a estudantes africanos da Universidade de Évora para dar corpo ao projeto transcultural “Línguas”.

A Malvada Associação Artística e o escritor angolano Ondjaki vão juntar-se a estudantes africanos da Universidade de Évora, este sábado, para um momento de criação artística inserido no projeto transcultural “Línguas”. A iniciativa terá lugar na Fundação Eugénio de Almeida e integra o Encontro da Juventude Africana de Évora, promovido pela Liga dos Estudantes Africanos da Universidade de Évora (LUAUÉ).

O projeto, iniciado em janeiro pela Malvada, com direção de Ana Luena e José Miguel Soares, propõe uma reflexão sobre a palavra “língua”, abordando-a enquanto órgão físico e, simultaneamente, como idioma.

“É não só o órgão do corpo humano, mas também tem o significado de idioma e estamos a explorar estas duas dimensões e as formas como as línguas se misturam”, explicou José Miguel Soares.

A edição deste ano incide particularmente sobre as experiências de pessoas migrantes em Portugal, explorando a forma como as línguas podem tanto aproximar como afastar. “As pessoas que vêm de outros países para morar em Portugal, os imigrantes, e como as línguas nos afastam e nos aproximam, como se criam novas línguas a partir desta interação, da mistura e do contacto entre línguas e como o português também vai evoluir”, acrescentou.

O momento aberto ao público está marcado para as 17h00 e será uma das atividades em destaque do Encontro da Juventude Africana, que decorre a partir das 12h30 e inclui ainda música, desfile de moda africana, dança tradicional da Guiné, stand-up comedy com Carlos Andrade e diversos workshops.

Segundo José Miguel Soares, o encontro será também uma oportunidade para mostrar o percurso do projeto e continuar a envolver os estudantes da universidade. “Vamo-nos juntar à celebração do Dia de África e a esse dia cheio de atividades e vamos apresentar o projeto, fazer já uma leitura de textos com estudantes africanos e, ao mesmo tempo, o Ondjaki vai fazer escrita em tempo real”, revelou.

Até ao momento, o projeto “Línguas” já realizou mais de 20 entrevistas a imigrantes, sessões fotográficas e uma residência artística em Braga, envolvendo estudantes de artes e recém-chegados ao país. Ondjaki acompanha o processo de perto e já iniciou a escrita de textos que serão interpretados pelos próprios imigrantes, em português e nas suas línguas maternas. “Leem em português e na sua própria língua, numa tradução improvisada, muitas vezes, com recurso à tecnologia dos telemóveis”, descreveu o responsável.

O trabalho vai prosseguir com nova residência artística em junho, seguindo-se um laboratório de criação em setembro, aberto à comunidade. O objetivo, segundo José Miguel Soares, é que os imigrantes “façam parte do momento final”, um espetáculo interdisciplinar marcado para a segunda semana de outubro, que refletirá “em torno da palavra língua e dos significados da mesma e da forma como se relaciona com a identidade e com a mistura de identidades”.

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