O Encontro Internacional de Marionetas, organizado pela Alma d’Arame, em Montemor-o-Novo, prossegue este sábado com uma programação que inclui o imprevisível senhor Panda, um barbeiro diabólico e um toureiro travesso. À noite, será reposto “Les Miserables”
A performance “Panda Express”, uma criação conjunta de Lewis G Seivwright e Joana Mário, será apresentada às 16h00 na Oficina Magina, em Montemor-o-Novo. Pensada para crianças, jovens e famílias, esta proposta performativa aposta na comunicação não verbal como ferramenta para explorar e refletir sobre as emoções humanas.
“Tudo o que fazemos e todos os pensamentos que temos vêm de sentimentos. Os sentimentos aparecem com muita facilidade, mas nem sempre é simples decidir o que fazer com eles”, lê-se na apresentação do espetáculo. Interpretada pela personagem Sir Panda, a performance assume-se como imprevisível e visualmente envolvente, com várias cenas inspiradas no espectro de cores das emoções.
Segundo os criadores, cada segmento de “Panda Express” foi desenhado com o objetivo de “interpretar, promover a inteligência emocional e a reflexão saudável de diferentes emoções”, recorrendo à linguagem corporal como canal principal de expressão.
Joana Mário, natural de Aveiro, começou por se dedicar à dança antes de enveredar pelo design de iluminação, área onde tem colaborado com diversos artistas e companhias em Portugal. Entre os seus trabalhos destacam-se criações com Cão Solteiro, Maria Inês Roque, Teatro Meia Volta e a exposição “Paradeiseia”, com curadoria de Fernando Brízio. Desde 2022, é coautora de “Panda Express” com Seivwright.
Lewis G Seivwright nasceu em Aberdeen, Escócia, e integrou a companhia alemã Tanzmainz entre 2013 e 2016. Desde então, atua como bailarino freelancer, tendo trabalhado com Club Guy & Roni, Liliane Brakema e, em Portugal, com Jonas & Lander, Sofia Dias & Vítor Roriz, Boris Charmatz e a companhia Mala Voadora. Vive em Lisboa desde 2019.
Mais tarde, às 18h00, no Jardim dos Cavalinho, a programação do Festival integra o espetáculo “O Barbeiro Diabólico + A Tourada”, uma produção da companhia Mãozorra que recupera o espírito irreverente do teatro tradicional de marionetas com uma abordagem divertida e atual.
A primeira parte do programa, “O Barbeiro”, mergulha na tradição portuguesa dos bonecos populares, conhecidos por um humor sarcástico e desafiador. A história gira em torno de Roberto, uma personagem “bastante malandra” que, ao dirigir-se ao barbeiro para se afeitar, arranja forma de evitar pagar pelos serviços. “Quando este lhe cobra três euros pelo serviço, apercebe-se que Roberto não faz intenções de pagar”, revela a sinopse. A partir daí, instala-se o caos, com os famosos Bonecos da Cachamurrada a fazerem “o que de melhor sabem”.
Segue-se “A Tourada”, uma peça sem narrativa linear, mas repleta de situações cómicas e inesperadas. Aqui, um touro manso e carente de afeto contrasta com a figura tradicionalmente temida, levando a cena para o absurdo. “Um toureiro que gosta de fazer travessuras e uns forcados que ficam confusos com um touro, que mais parece um cão brincalhão” compõem esta versão desconstruída de uma tradição controversa.
A Mãozorra, companhia fundada em 2013, tem vindo a afirmar-se no panorama do teatro de marionetas em Portugal e além-fronteiras. Com um trabalho que cruza o universo tradicional com abordagens contemporâneas, dedica-se à criação, programação e formação no setor, mantendo uma presença ativa em festivais nacionais e internacionais.
à noite (21h30) será reposto no Cineteatro Curvo Semedo “Les Misérables”, uma adaptação do clássico de Victor Hugo pela companhia belga Compagnie Karyatides.
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Fotografia | José Fernandes e David Lopes