A música barroca de Pergolesi encontra expressão e alma no Coro della Farnesina, sob a direcção musical da maestrina ítalo-venezuelana Fabiola Pereira e o acompanhamento de outra excepcional intérprete, a organista coreana Kim Mi Hee.
“Paixão, Morte, Ressurreição: Stabat Mater”, de G. B. Pergolesi – assim se denomina o concerto que, pelas 21h30, levará ao palco do Auditório do Centro de Artes de Sines o italiano Coro della Farnesina, sob a direcção musical de Fabiola Pereira, com o acompanhamento de Kim Mi Hee ao órgão.
Escrito em 1736 por Giovanni Battista Pergolesi, Stabat Mater afirma-se como uma das obras mais emblemáticas do barroco sacro europeu. “Composto por 12 andamentos, percorre a dor da Virgem junto à cruz, alternando ternura, dramatismo e espiritualidade luminosa”, comenta fonte da organização, acrescentando que o Coro della Farnesina, fundado em Roma, em 2008, especializou-se nos repertórios renascentista e barroco e “construiu uma identidade única que combina rigor estético com a vitalidade de experiências pessoais múltiplas”.
À dimensão musical, o Terras sem Sombra volta a juntar a componente patrimonial na actividade que se desenrola na tarde de sábado, com início às 15h00. A ação “Hoje como Ontem: A Fábrica de Cortiça de Sines” tem como ponto de encontro o Castelo de Sines e conta com a orientação do empresário José Francisco Leal e do coordenador do Museu de Sines, o arquitecto Ricardo Estevam Pereira. Juntos, orientarão os participantes na actividade na visita a uma infra-estrutura que é traço de uma indústria, a corticeira, com assinalável presença naquele concelho do litoral alentejano. Este é um sector que marcou a então vila desde o século XIX. A chegada de capitais ingleses e alemães permitiu o arranque de fábricas que, já em 1908, empregavam centenas de operários e asseguravam exportações significativas.
Ao longo do início do século XX, nomes como a Herold — depois Hauser e Fernandes — ou a Wicander e Bucknall impuseram-se no panorama local, ao lado de várias pequenas unidades familiares espalhadas por diferentes ruas e arrabaldes da vila. Em 1911, o sector corticeiro absorvia um terço da população activa e reunia forte organização sindical. Os anos de 1920 a 1940 trouxeram melhorias técnicas, como água canalizada e electricidade, mas também mostraram a dependência de pequenas unidades de carácter artesanal.
Fábricas como as de António Faria Godinho, Manuel Caetano ou José Marreiros mantinham a produção activa, enquanto novas unidades surgiam, como a de Miguel Ricardo Raposo, dedicada à transformação de cortiça em quadros. Os anos de 1960 coincidiram com uma certa decadência do sector: a histórica Hauser e Fernandes encerrou. Antes da instalação do complexo industrial, Sines tinha uma actividade marcada pela cortiça, mas em processo de declínio, que preparou o terreno para a profunda transformação económica e social da segunda metade do século XX.
Texto: Alentejo Ilustrado | Fotografia: Arquivo/D.R.











