Governo distingue Carmelo Aires e outras figuras da cultura portuguesa

O colecionador António Carmelo Aires, responsável por um notável espólio de arte pastoril alentejana, integra a lista de dez personalidades que vão ser distinguidas esta quarta-feira com a medalha de mérito cultural, atribuída pelo Governo português. Entre os homenageados estão ainda nomes como o fotógrafo Alfredo Cunha e a atriz São José Lapa.

O colecionador e investigador António Carmelo Aires, cujo acervo de arte pastoril deu origem este ano a um espaço museológico em Redondo, é uma das dez personalidades distinguidas, na quarta-feira, com a medalha de mérito cultural atribuída pelo Governo português. A cerimónia terá lugar na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa.

Ao longo de décadas, António Carmelo Aires reuniu, com discrição e persistência, um dos mais notáveis espólios de arte pastoril em Portugal. Ao longo de décadas, construiu uma coleção singular de objetos do quotidiano rural — chocalhos gravados, bengalas talhadas, cadeiras de madeira incrustada, canivetes decorados, oratórios, candeias ou alfaias agrícolas transformadas em peças de arte — onde se cruzam a funcionalidade e a criatividade popular.

Esta coleção, agora parcialmente acessível ao público num espaço museológico criado em 2024 na vila de Redondo, representa não apenas a memória material de um mundo rural em desaparecimento, mas também o olhar atento de quem soube ver beleza onde outros viam apenas utilidade. Carmelo Aires recolheu, estudou e salvaguardou centenas de artefactos produzidos por pastores, artesãos e criadores anónimos da região, muitos dos quais desconhecidos até então da historiografia da arte ou da etnografia portuguesa.

A par de Carmelo Aires, são também homenageados nomes como o fotógrafo Alfredo Cunha, a atriz e encenadora São José Lapa e o artista plástico José de Guimarães, entre outros, numa distinção que reconhece contributos relevantes para a arte e a cultura portuguesas em diversas áreas e disciplinas artísticas.

Segundo o Ministério da Cultura, Carmelo Aires (nascido em 1937) é distinguido pelo “notável acervo de artefactos” ligados à arte pastoril alentejana, que este ano deu origem a um novo espaço museológico na vila de Redondo, no distrito de Évora.

Alfredo Cunha (1953), autor de um extenso registo visual da História contemporânea portuguesa e antigo fotógrafo oficial dos Presidentes Ramalho Eanes e Mário Soares, é distinguido por mais de 50 anos de carreira ligados ao fotojornalismo.

Também Emília Nadal e José de Guimarães, dois artistas plásticos de reconhecido percurso, recebem a medalha de mérito cultural. Nadal (1938), com raízes catalãs, desenvolveu obra em áreas como o desenho, a gravura, a cenografia ou a vídeo-performance, enquanto Guimarães (1939), mecenas e colecionador, é hoje representado no Centro Internacional de Artes que leva o seu nome na cidade natal.

José Manuel Castanheira (1952), cenógrafo e arquiteto com mais de 300 produções teatrais assinadas, será igualmente distinguido, bem como Manuela Júdice (1950), gestora cultural com papel relevante no diálogo entre culturas, e Querubim Rocha (1940), mestre oleiro ligado à salvaguarda do barro negro de Bisalhães, reconhecido como Património Cultural Imaterial pela UNESCO.

Entre os homenageados está ainda São José Lapa (1951), atriz e encenadora de longa carreira nos palcos portugueses, cuja ação é descrita como “abrangente” e marcada pela “qualidade e coerência de repertórios”.

A título póstumo, serão atribuídas medalhas ao crítico e programador cultural Augusto M. Seabra (1955–2024) e ao editor Pedro Sobral (1973–2024), ambos recordados pelo “empenho e dedicação” à cultura, ao livro e à língua portuguesa.

A par das dez personalidades, o Governo distingue ainda a associação cultural madeirense PORTA 33 – Centro de Arte Contemporânea, pelo seu papel na programação regular de arte na região.

Fotografia | Tiago Pereira/Facebook

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