A Unitate é uma fundação, criada em Vila Viçosa, em 2013, inicialmente sob a forma associativa, e que tem desenvolvido a sua atividade com um foco muito específico, o desenvolvimento da economia social em Portugal. Por força desta missão que assumiram aquando da sua criação, em 2022 foi reconhecida como fundação e trabalha em, essencialmente, três áreas de intervenção.
A primeira diz respeito à capacitação da economia social, existindo uma grande aposta tanto a nível da formação como no apoio às demais instituições particulares de solidariedade social (IPSS), abrangendo, assim, todo o território nacional, incluindo as ilhas.
A segunda área corresponde à componente social, que se iniciou em 2015 e já conta com uma série de unidades, todas elas no distrito de Évora (Vila Viçosa, Redondo, Vendinha, Nossa Senhora de Machede e Évora), onde a Unitate propicia respostas sociais de diversa natureza, tanto no apoio a pessoas idosas e pessoas com deficiência, que são os principais públicos destas unidades de ação social. Três destas unidades (Vendinha, Évora e Nossa Senhora de Machede) resultaram da integração de outras instituições que se encontravam, em dificuldades.
Entre as respostas inovadoras inclui-se a denominada “Unitate Social Van”, um género de táxi social que tem como objetivo levar as pessoas onde elas precisam, nos concelhos de Vila Viçosa, Alandroal, Redondo e Évora.
Por último, a terceira área de intervenção é a cultural. Aqui, a instituição promove uma escola de música com polos no Alandroal, Vila Viçosa e Borba e tem o objetivo de dinamizar espaços de cultura, seja através de concertos de Natal ou de Páscoa, entre outros.
Em julho de 2023, a Fundação adquiriu o espaço onde anteriormente funcionou o Centro Tecnológico para Aproveitamento e Valorização das Rochas Ornamentais e Industriais (Cevalor). Trata-se de um imóvel com um edificado com 6500 metros quadrados para o qual, conta Tiago Abalroado, presidente do conselho de administração, foi projetada “uma iniciativa disruptiva, um campus centrado na for- mação e na capacitação do sector social em Portugal”.
A necessidade de obras no edifício levou a que a “operacionalização” do Unitate Campus apenas arrancasse este ano. Tiago Abalroado reforça a ideia deste espaço não ter “uma natureza estritamente social”, procurando, então, “estar ao serviço da capacitação e do desenvolvimento da economia social e ao mesmo tempo ser também um elemento de desenvolvimento territorial”.
Em termos práticos, a ideia é funcionar como “suporte do setor social”, tendo por isso sido projetada a criação de um centro de congressos, uma biblioteca e um centro de recursos associado ao setor social. “É um espaço de porta aberta, onde procuramos que possam ser dinamizadas atividades ligadas ao setor social e promover a interação com a comunidade”, sintetiza.
Funcionando numa lógica de “aberto a todos”, qualquer entidade, coletiva ou individual, pode realizar aqui atividades, desde que exista um referencial ou uma política de responsabilidade social previamente definidos.
Ainda de acordo com a Unitate, o novo campus encontra-se “em fase de preparação para acolher diversas valências projetadas, entre as quais o Instituto de Formação para a Economia Social, um centro de congressos, e uma incubadora social. Estes espaços serão complementados por uma biblioteca, zonas de exposição, espaços de coworking, um laboratório de inovação social, uma escola de respostas sociais, um centro de consultoria em responsabilidade social e uma área de restauração”.
Um dos projetos mais ambiciosos é o de desenvolver mais uma série de respostas sociais, nas áreas da infância, do envelhecimento e do apoio a pessoas com deficiência. Com uma multiplicidade de ideias, Tiago Abalroado afirma não saber se este campus alguma vez estará terminado. Primeiro pela quantidade de metros quadrados que estão disponíveis, depois porque a própria área de expansão é “muito grande”, o que permite pensar num projeto em continua evolução”.
De acordo com o presidente da Fundação, “os projetos vão-se estruturando, aproveitando a dinâmica do espaço e as infraestruturas”, num processo que se desenvolve “num território com fraca densidade populacional, onde os investimentos têm de ser feitos gradualmente, projeto a projeto”.
Recentemente a Unitate obteve financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para dinamizar as duas primeiras respostas sociais, a creche e desenvolver de um projeto de habitação colaborativa, onde profissionais de IPSS de todo o país poderão receber formação nas áreas da infância, envelhecimento e deficiência.
Dizendo-se apostada numa “intervenção centrada na inovação, que não trabalha as áreas clássicas da proteção social segundo abordagens padronizadas”, a Fundação garante ainda estar apostada em “promover a capacitação das instituições sociais por meio de iniciativas na área da formação, da experimentação de respostas sociais inovadoras, da construção de plataformas de agregação de vontades, da edição de guias informativos e do apoio a organizações com dificuldades de gestão”.