Inês Caldeira: “Regresso às aulas”

A opinião de Inês Caldeira, estudante

O dia 12 de setembro de 2024 ficou assinalado como a rentrée no ano letivo 24/25. Para mim este foi um dia muito especial por representar o meu sexto e último primeiro dia de aulas na Escola Secundária Rainha Santa Isabel de Estremoz (ESRSI). Todos estes anos na ESRSI ficam marcados por erros e aprendizagens, desilusões e sucessos, participação em clubes e projetos, convívio e amizades que fizeram desta escola um lugar muito especial.

Durante as férias tive a oportunidade de pôr as minhas leituras em dia, descobrir a qualidade de escritores como Virgílio Ferreira, aprender mais sobre inteligência artificial, numa excelente obra de Mustafa Suleyman e preparar-me para grandes desafios com a “Arte da Guerra” de Sun Tsu. Foi também tempo de “matar as saudades” da horta, dos meus cães, de me divertir, descansar e dormir, para estar de volta com muita energia!

Este ano despeço-me da ESRSI e começa a contagem decrescente da minha ida para a faculdade. Entro no 12.º ano com vontade de continuar a ser a aluna dinâmica e ativa e de continuar a criar boas memórias na escola que me viu crescer. Conto ainda poder continuar a ajudar o meu avô no mercado de sábado e ter sempre inspiração para escrever esta coluna de opinião.

O ano letivo 2024/25 iniciou-se de forma conturbada, entre os dias 12 e 16 de setembro, para mais de um milhão e meio de alunos do ensino pré-escolar ao secundário. Infelizmente não são os novos programas inovadores para o sucesso escolar ou o início das obras de requalificação em escolas como a Sebastião da Gama, que marcam este início de ano letivo. O que o marca mais uma vez é a falta de professores.

Quem ouvia, em setembro de 2023, o então líder da oposição Luís Montenegro dizer que a solução para o desastre da educação causado por um “monstro papão” chamado “Governo de António Costa” era “mudar de Governo”, não reconhece, passado um ano, o atual primeiro-ministro de Portugal, quando diz que é preciso tempo para resolver este grande desastre que é a falta de professores.

Questões partidárias à parte, houve uma mudança de Governo e um novo plano para a educação e ainda assim milhares de estudantes não têm professores a pelo menos uma disciplina. As aprendizagens de muitos alunos ficam comprometidas e estes têm muitas vezes que recorrer a aulas ou explicações fora do sistema de ensino público para adquirirem essas aprendizagens, causando um desequilíbrio social para aqueles alunos cujos pais não tem condições financeiras para tal.

A falta de professores não se resolveu com a mudança de Governo, mas tenho que concordar com o primeiro-ministro quando diz que é um problema urgente e que vai demorar tempo a solucionar. No meio deste mundo, em que muitos não percebem o lugar especial que é a escola, continuo a ter confiança no ensino público português e espero que o tão falado Orçamento do Estado para 2025 traga boas notícias para o ensino em Portugal.

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