O presidente da Câmara de Ourique, Marcelo Guerreiro, diz que no concelho “não há espaço para intolerância – e muito menos para quem promove a divisão e o ódio”.
Em resposta a uma carta aberta que lhe foi endereçada pelo Chega, questionando a futura utilização de um edifício adjacente ao jardim de infância de Garvão como local de culto religioso, o autarca rejeita “qualquer tentativa de instrumentalização partidária de questões sensíveis”, como a liberdade religiosa, e reforça “o seu compromisso com a verdade, a legalidade e o respeito pela dignidade de todas as pessoas”.
Na resposta à carta aberta da responsável local do partido radical de extrema-direita, Marcelo Guerreiro lembra que o edifício, adjacente ao antigo Jardim de Infância, se encontrava abandonado, e revela que a sua utilização, “a título de empréstimo temporário”, foi solicitada pelos responsáveis da empresa Cânhamor.
Esta empresa, lembra, “tem atualmente em curso um investimento muito significativo na instalação de uma unidade industrial em Garvão, que está a criar 40 postos de trabalho e a dinamizar a economia local”.
Ainda de acordo com o autarca, o pedido teve como objetivo “permitir a prática religiosa, de forma temporária, por parte de uma pequena comunidade de trabalhadores da empresa, até serem encontradas instalações próprias e definitivas”.
Marcelo Guerreiro acrescenta que o Município de Ourique, ao longo dos anos, “tem colaborado e apoiado diversas expressões religiosas no concelho — financiando obras, cedendo instalações e apoiando a sua atividade — sempre com base no respeito pela liberdade de culto, na convivência pacífica e no diálogo intercomunitário”.
“Num país em que o Estado é laico, mas garante a liberdade religiosa, importa lembrar que a intolerância nasce muitas vezes da ignorância, e que o papel das instituições públicas é garantir o respeito pelos direitos fundamentais de todos os cidadãos, sem exceção”, acrescenta o presidente da Câmara, segundo o qual “não podemos afirmar que queremos atrair investimento, criar emprego e fixar pessoas e, depois, negar liberdade, dignidade e respeito a quem escolhe o nosso concelho para trabalhar e viver”.
“Em Ourique”, resume, “acolhemos todos os que vêm com espírito de trabalho, de paz e de respeito mútuo”.
Na carta aberta, o partido radical de extrema-direita pedia esclarecimentos sobre o que definia ser a “abertura de uma mesquita” em Garvão.