1. Em 1974 éramos um país atrasado, sem liberdade, a viver em guerra, exaurido financeiramente e com um ambiente sociopolítico a fervilhar de tensões. Na fase da construção democrática um dos temas de acesa disputa política foi a adesão de Portugal ao projeto da Comunidade Económica Europeia (CEE). Mário Soares e o PS lideraram a corrente, onde se integravam o PPD e o CDS, dos que defenderam a adesão à CEE, tendo assinado a adesão em 1985.
Se é verdade que a abertura ao mercado europeu criou dificuldades de competir a alguns setores industriais e agrícolas, importa sublinhar as transformações profundas com consequências para a melhoria das condições de vida da população. O acesso a fundos comunitários permitiu modernizar a economia, as infraestruturas, as comunicações, as tecnologias marcando um tempo novo para a vida dos portugueses pelos progressos económicos e sociais alcançados. O tempo demonstrou que Mário Soares e o PS tinham razão ao defenderem a integração plena no projeto que agora chamamos de União Europeia (UE).
2. As eleições para o Parlamento Europeu (PE) são historicamente as menos participadas, provavelmente por não se sentirem efeitos diretos, mas de enorme importância pela responsabilidade atribuída ao PE na aprovação de políticas que comprometem os 27 países integrantes. Se até aqui o PE foi determinante nas opções que orientem as políticas comuns e os fundos comunitários associados (exemplos: política agrícola, desenvolvimento regional, coesão, capital humano…), o próximo PE vai tomar decisões significativas para o futuro da União e deixo alguns exemplos.
Que futuro para a política de coesão, com diferenças tão significativas entre países (Norte/ Sul) e no seio dos próprios países? Sim ou não à harmonização fiscal? Que política de defesa comum? Posicionamento geoestratégico da UE relativamente aos Estados Unidos, à China e à Rússia? Alargamento da UE a mais países, sabendo todos que a integração da Ucrânia, pela sua dimensão, tem enormes reflexos não só na geopolítica global e na distribuição de fundos em especial na agricultura? Como lidar com as vagas de migrantes, em especial os provenientes de África e Ásia? Reforçar o controle de fronteiras e fechamento interno e externo da UE? Que apoio ao desenvolvimento de países nesses dois continentes para contrariar vagas migratórias? Investir na industrialização e no emprego ou a lógica concorrencial do mercado global? Deverá o crescimento da UE estar baseado num acordo de sustentabilidade e bem-estar?
3. O futuro da União é complexo. No atual contexto a extrema-direita defende opções que colocam em causa os fundamentos da existência da UE, apelo ao voto nas eleições para o PE a 9 de junho. Pessoalmente, votarei no PS que integra o Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas como garante da continuidade da UE dos valores democráticos.