José Alberto Fateixa: “No começo do ano letivo”

A opinião de José Alberto Fateixa, professor

1. No início de mais um ano letivo, as notícias e opiniões dão destaque a situações relacionadas com os alunos (falta de docentes, problemas de aprendizagem, necessidades de técnicos especializados, integração de alunos…), com os professores (progressão na carreira, desvalorização da profissão, regras de concurso…), com as escolas (não financiamento ou subfinanciamento para obras urgentes nas escolas, sobrecarga administrativa, falhas na cobertura de internet nas escolas…), com o território (rede de ofertas desde a pré até ao secundário, financiamento público das escolas privadas, consequências da pobreza e instrução dos pais no sucesso escolar…). Estes são problemas reais que devem ser debatidos e discutidos pela sociedade, mas teremos todo um ano para os abordar.

2. No começo de mais um ano letivo entendi partilhar etapas do meu percurso escolar para sinalizar a importância do trabalho, do estudo, da família e dos professores. Quando entrei para a 1.ª classe na Escola Primária da Mata, em Estremoz, por razões de saúde, cheguei alguns dias depois dos outros alunos. Contudo, trabalho anterior, dedicado e atento da minha avó e dos meus pais fez com que quando comecei as aulas já fosse capaz de ler e realizar algum cálculo.

Na altura a sala da 1.ª classe estava cheia e tive as aulas na sala da 3.ª classe, o que me exigiu mais estudo recompensado por novas aprendizagens e novos amigos. Quando concluí a primária a minha professora Natália aconselhou aos meus pais a minha frequência para a telescola, que eles aceitaram. Tive então oportunidade de ser aluno de grandes professores, Natália, Amaro, Maria Helena, Manuela, Adélia.

No fim do ciclo esses mesmos professores tiveram nova conversa com os meus pais, salientando que a frequência do ensino liceal era desejável, o que em Estremoz correspondia ao Colégio de S. Joaquim. Um significativo esforço familiar, permitiu-me ser aluno do último ano do colégio e depois da Secção Liceal de Estremoz. Aí tive professores fantásticos, Glória Simeão, Fátima Mota, Lucília Leote, Ma- ximiniano Rebocho, Manuel Patrício… que não só partilharam conhecimentos, mas nos desafiaram a pensar, que foram exigentes, mas que sempre nos disseram que era possível sonhar e concretizar sonhos.

Nesta caminhada ganhei bons amigos, que se afirmaram em várias áreas profissionais. Sen- tia que era possível concretizar a ambição de uma formação superior e de uma vida melhor. Estudei, frequentei a Universi- dade e fui o primeiro licenciado da minha família.

3. Todos sabemos que o mundo mudou muito e que as vidas de hoje são diferentes das de ontem, tudo é mais complexo e mais imprevisível, mas considero que há dimensões estruturantes do ser que perduram no tempo. Estou certo de que o sucesso estará sempre ligado ao trabalho, ao estudo e à intervenção na realidade. Só assim será possível concretizar sonhos!

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