* Imprevisibilidade. As relações entre países e os avanços sociais em que vivemos resultaram em boa medida da afirmação de democracias liberais após a II Guerra Mundial. Perante as evoluções geoestratégicas conseguirão as democracias, em especial as europeias, manter o essencial dos fundamentos que levaram à criação de governos que aliaram as preocupações sociais ao desenvolvimento económico?
* Conhecimento. Para construir algo é preciso saber o que se quer e como se fazer. O agricultor precisa de saber tratar da terra, o mecânico precisa ter conhecimentos de mecânica e capacidade para reparar, o médico precisa de conhecer os sintomas para prescrever tratamento…. É essencial ser capaz de ouvir e de falar, estudar, ampliar conhecimentos e ter a noção de que quando agimos, fazemos escolhas conscientes dos riscos consequentes.
As sociedades evoluem ou regridem, tornando-se mais ou menos livres, justas, coesas, desenvolvidas em consequência das opções que tomam. A história mostra que a ascensão dos radicalismos passou sempre pelo confronto, em que a tropa de choque são os menos sabedores, os mais frágeis e manipuláveis que acabam por ser os mais penalizados.
* Perceções. As redes sociais e as mensagens simples e diretas de alguma comunicação social são demasiadas vezes intencionalmente incorretas, que repetidas continuadamente tenderão a provocar tensões e se mediatizadas são geradoras de divisão e confronto. Em Portugal ainda há preconceitos em relação à cor da pele e às convicções religiosas e políticas, mas comparando com as outras democracias ocidentais não somos um país inseguro, nem temos um número significativo de migrantes.
Na verdade, tem sido feito trabalho no combate ao tráfico e à migração ilegal, sendo como evidente fazer ainda melhor no que diz respeito às regras no trabalho, ao respeito pelos deveres e direitos, à criação de habitações dignas e ao cumprimento das normas legais relativas à segurança pública, para todos (portugueses e migrantes).
* Mentiras. Recupero duas frases dos anos 30 do século passado com grande significado político e social, uma de Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha Nazi, “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade” e a outra de António Aleixo, poeta popular algarvio, “p’ra mentira ser segura, e atingir profundidade, tem que trazer à mistura, qualquer coisa de verdade”. Se a frase do nazi não é verdadeira, a de Aleixo tem a sua essência fundada na verdade.
Partindo da não concretização de promessas e de problemas não plenamente resolvidos, a extrema-direita constrói uma agenda internacional que corrói as democracias, e que se alimenta da tensão e do confronto sem soluções livres e justas para as pessoas e as sociedades. Todos temos a responsabilidade de, em democracia, contribuir para encontrar soluções justas.
Para todos o melhor 2025!!!