A recente decisão de abolir as portagens em algumas autoestradas portuguesas trouxe alívio financeiro para muitas empresas e famílias, mas também levanta questões de desigualdade regional, em localidades como Estremoz, Borba, Sousel e Vila Viçosa.
A nossa realidade é bem diferente, é a dos utilizadores que vão continuar a pagar portagens para circular pela autoestrada que atravessa a região. Essa disparidade acentua as dificuldades de uma população que já enfrenta desafios na mobilidade, agravados pela inexistência de alternativas ferroviárias. Também somos terras de interior com as mesmas dificuldades das agora beneficiadas.
Esta zona, conhecida pelo seu rico património cultural e pela produção de mármore, vinho e vários produtos agrícolas depende fortemente do transporte rodoviário para escoar os produtos aqui produzidos e para o deslocamento diário dos seus habitantes. No entanto, com a manutenção das portagens, muitas famílias e empresas sentem o peso adicional nos seus orçamentos e uma desigualdade comercial.
Não esquecer que para ter acesso a melhores cuidados de saúde, ir ao teatro, ao cinema, ou a outro qualquer divertimento – temos de ir até Lisboa – e, consequência, pagar portagens nas autoestradas e pontes – não é justo.
Enquanto outras regiões beneficiam de autoestradas sem custos, a nossa região é duplamente penalizada: por um lado, paga para utilizar as vias rodoviárias, e por outro, não tem acesso a um transporte público sustentável. Isso levanta a questão: será justo que regiões com menos recursos ou alternativas continuem a ser sobrecarregadas?
A desigualdade é gritante, esta lei da gestão das portagens não é apenas um problema de mobilidade; é uma questão de competitividade e de coesão territorial. É preciso tratar os portugueses e as regiões da mesma maneira.
A resolução desse problema exige um esforço concertado entre o Governo central e o local (o que faz a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional). É necessário revisar as políticas de portagens para garantir que todas as regiões sejam tratadas de forma equitativa, para isso foram eleitos os senhores deputados.
Não vimos nenhuma das nossas autarquias da região protestar sobre a desigualdade a que fomos sujeitos por esta medida. Afinal, um país verdadeiramente desenvolvido não deixa ninguém para trás, não discrimina, nem há cidadãos de primeira e de segunda.