José Mário Gaspar: “Mais respeito pelo que é de todos”

A opinião de José Mário Gaspar, gestor

Na vida não vale tudo, na política muito menos… na gestão da coisa pública não deve haver dúvidas! O mundo está ao contrário. Antigamente, os cartões de Natal destacavam o Menino Jesus e a Sagrada Família, mesmo os menos religiosos ainda incluíam o tradicional Pai Natal ou o pinheiro. Hoje, no entanto, parece que até os símbolos natalícios foram substituídos pela imagem/fotografia de políticos. Permitam-me dizer: é uma vergonha e um abuso.

Como cidadão preocupado com a gestão pública, não consigo ignorar o rumo que certos líderes têm tomado. No caso desta gestão da Câmara Municipal de Estremoz, os últimos três anos têm sido marcados por um padrão claro: gastos excessivos com retorno duvidoso.

É inegável que existem responsabilidades inerentes à Função Pública, mas o que vemos não é apenas uma tentativa de cumprir obrigações. É, na verdade, um exemplo de má gestão e desperdício, como o “negócio” do aluguer de um espaço para instalar os serviços sociais – quatro mil euros de renda mensal durante dez anos, sem possibilidade de interrupção do contrato (já se pagaram 12 rendas, ou seja, 48.000 euros, e mais 80.000 euros de obras, sendo que até ao dia em que escrevo ainda nem um único metro quadrado foi utilizado. Será uma boa gestão? Será que os dinheiros públicos estão a ser bem utilizados?

Uma prática que merece destaque é a insistência nas chamadas “execuções diretas”, ou seja, adjudicações sem concursos públicos claros e transparentes. Estas escolhas vão desde alterações e manutenções em equipamentos municipais, até a catering e compras supérfluas, em confeitaria, chapéus para a chuva, etc.

Não são só os itens em si que causam indignação, mas sim a recorrência deste método pouco transparente, que parece mais uma porta aberta ao favorecimento do que um instrumento de eficiência administrativa.

É essencial questionar a legitimidade e necessidade destas decisões. Por que optar por adjudicações diretas em situações que claramente poderiam ser submetidas a concursos públicos? Será que se trata de urgências inadiáveis ou apenas de uma falta de compromisso com a transparência?

Estas são perguntas que exigem resposta, não só para proteger os cofres públicos, mas para assegurar que a administração seja feita em benefício de todos e não apenas de alguns.

A gestão de recursos públicos exige prudência, ética e sobretudo transparência. Quando estas características faltam, a confiança dos cidadãos é abalada e os danos podem ser duradouros.

Assim, deixo aqui a minha reflexão: será que estamos a assistir a um verdadeiro pro- gresso ou apenas a um espetáculo vazio, onde os aplausos vêm à custa do futuro?

Partilhar artigo:

ASSINE AQUI A SUA REVISTA

Opinião

PUBLICIDADE

© 2025 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar