O Fundo de Proteção Social do Bombeiro, um fundo de apoio a bombeiros voluntários e aos seus familiares que é em parte financiado pelo Estado e gerido pela LBP, foi um dos assuntos em análise no conselho nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, hoje realizado.
“Chegamos à conclusão de que neste momento, para cumprir com as obrigações de promessa de pagar as creches e as propinas, precisamos de um reforço de 300 mil euros” para o Fundo de Proteção Social do Bombeiro, disse à Lusa o presidente da Liga, António Nunes, segundo o qual este fundo de apoio recebe atualmente do Estado cerca de um milhão de euros, mas para pagar as creches e as propinas dos bombeiros e dos filhos precisa de 1,3 milhões de euros.
O responsável avançou que este reforço significa que justifica ser aprovado o projeto de lei que o PCP apresentou e que está em discussão na Assembleia da República para que o Fundo de Proteção Social do Bombeiro passe de 3% para 5%.
Na reunião do conselho nacional da LBP foi ainda decidido criar duas comissões técnicas, sendo uma para avaliar a segurança dos veículos de bombeiros e a outra para estudar a emergência pré-hospitalar e inter-hospitalar nos bombeiros.
No primeiro caso para analisar os vários protocolos que existem com o Ministério da Saúde. “Tudo o que diga respeito ao transporte de doentes urgentes e não urgentes e ao seu regulamento vai ser analisado. Uma comissão técnica vai ver o papel dos bombeiros no sistema de emergência pré-hospitalar e também no transporte de doentes não urgente”, disse.
Sobre a comissão de avaliação da segurança dos veículos dos bombeiros, António Nunes referiu que tem havido vários acidentes com as viaturas dos bombeiros, sejam carros de combate a incêndios ou ambulâncias, pretendendo a LBP perceber o que está acontecer com as viaturas, quais são as condições e se os desastres são por razões mecânicas, humanas ou de comportamento.
“Queremos também fazer um levantamento dos acidentes dos últimos três anos que envolveram viaturas de fogo e ambulâncias. Há muitos acidentes com ambulâncias”, sublinhou o presidente da Liga, acrescentando que as conclusões são importantes porque podem justificar que se recomende à Escola Nacional de Bombeiros mais formação nesta área.
As primeiras conclusões destas duas comissões vão ser apresentadas a 22 de março no Conselho Nacional da Liga, marcado para Vila Viçosa.
A criação da comissão de avaliação da segurança em veículos de bombeiros tinha sido anunciada pela LBP depois do acidente que vitimou, no início do ano, um bombeiro de Odemira. Recorde-se que um bombeiro morreu e quatro ficaram feridos, três dos quais em estado grave, na sequência do despiste do veículo de combate a incêndios da corporação de Odemira, no distrito de Beja, no dia 01 de janeiro.
Após o acidente, a ministra Administração Interna ordenou à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) a realização de um inquérito urgente às viaturas dos bombeiros adquiridas no mesmo lote do carro acidentado e a suspensão preventiva da utilização daquelas viaturas.
Em causa estão 81 viaturas, designadamente autotanques e viaturas florestais, adquiridas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e entregues pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) no qual estava incluído o veículo de combate a incêndios dos Bombeiros de Odemira envolvido no acidente mortal.
Fotografia: Liga dos Bombeiros Portugueses|Arquivo