Linha Évora–Elvas levará mais tempo a construir do que o túnel da Mancha

A nova linha ferroviária entre Évora e Elvas, apresentada como a “maior obra ferroviária dos últimos cem anos”, deveria estar concluída em 2020. Em vez disso, só deverá entrar em funcionamento regular no final de 2026 — sete anos após o arranque da construção, segundo notícia avançada pelo jornal “Público”.

Num artigo da autoria do jornalista Carlos Cipriano, especializado em temas relacionados com a ferrovia, a linha alentejana levará mais tempo a construir que o túnel sob a Mancha, que na realidade são dois túneis paralelos com um terceiro túnel de emergência entre os dois”, que assegura a ligação entre França e o Reino Unido,

O troço de 90 quilómetros de extensão, entre Évora e Elvas, é parte do Corredor Internacional Sul, e visa reforçar a ligação de mercadorias entre Sines e Badajoz. Mas tem enfrentado vários entraves, sendo o mais visível um talude instável que impede a colocação dos carris, próximo de Alandroal.

Citada pelo jornal, a Infraestruturas de Portugal (IP), indica que durante os trabalhos “verificou-se a ocorrência de um incidente geológico que provocou a instabilidade de um talude de escavação de grande altura”, obrigando à “implementação de soluções adicionais de contenção e estabilização”. O terreno de xisto revelou-se escorregadio, incompatível com uma linha onde se prevêem velocidades de 250 km/h.

A empresa responsável pelo troço, a Sacyr, terá subestimado as escavações e enfrentou dificuldades logísticas com a deposição de terras, o que aumentou os quilómetros em camião para o transporte de terra e rocha. Por fim, quando a obra parecia pronta, identificaram-se escorregamentos no talude”.

Ao “Público”, fonte da construtora afirma que “parte destes problemas poderia ser mitigado se as regras da contratação pública não fossem tão rígidas”, nomeadamente no que toca a alterações dos métodos construtivos, tendo em conta as dificuldades encontradas no terreno. “Por exemplo, a extensão prevista para os viadutos no projecto da IP poderia ser reduzida em 20 a 25%, com evidentes ganhos nos custos, mas a legislação não o permite”, sublinha.

A empresa pública responsável pelas infraestruturas não se compromete com prazos e limita-se a dizer que a inauguração ocorrerá “logo que estejam concluídos os trabalhos finais em curso, incluindo a fase de vistorias, ensaios e certificações”.

Certo é que a empreitada atribuída à Sacyr deveria ter terminado em março de 2022. Agora, a previsão mais otimista aponta para que os trabalhos no talude do Alandroal só fiquem prontos “no final de 2025”. Depois disso, ainda “haverá longos meses para concluir a sinalização e efectuar os testes no terreno. Num cenário optimista, talvez haja inauguração em finais de 2026, mas a IP não se compromete com datas”, conclui o “Público”.

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