A vice-presidente da Câmara de Estremoz, em reunião pública da mesma, declarou que não via qual o problema de as crianças terem que atravessar uma estrada, ao sol, à chuva e ao frio, uma vez que sempre assim fora e ninguém tinha “morrido” por isso, como justificação para uma das questões que lhe foram colocadas para resolver.
Justificar-se desta forma e rematar que não tinha solução para o problema, porque a escola tinha sido requalificada sem refeitório e sempre tinha funcionado desta forma, é não ter a noção de nada.
Desde logo porque se tivesse sido um privado a apresentar o projecto à Câmara este tinha, certamente, sido chumbado, por falta de refeitório, mas como é público, já não há problema nenhum. Esta duplicidade entre público e privado é inaceitável!
Mas justificar que sempre se fez assim e que todos os alunos que até à data o fizeram não tiveram qualquer problema é também ela, uma justificação abstrusa, porque, sendo esse o pensamento da vice-presidente, então cabe perguntar-lhe se usa telemóvel, computador, veículo automóvel, gás, electricidade, água canalisada de entre outras utilidades decorrentes da evolução tecnológica, porque muitas pessoas viveram sem essas comodidades do avanço civilizacional e viveram bem sem elas.
Pelo pensamento da Sr.ª vice-presidente o mundo em que vivemos hoje, com as comodidades trazidas pelos avanços civilizacionais não têm qualquer serventia, posto que, antes se vivia sem elas e ninguém sentia a sua falta.
Não pode, pois, ser esta a justificação para nada se ter feito nem nada ter sido pensado em quatro anos de governação autárquica e ter que ser confrontada com as situações, para as quais, valha a sua franqueza, afirmou não ter solução.
Tudo isto poderia ter sido evitado se a Câmara fosse mais activa na sua interação com a comunidade educativa, procurando saber dos problemas e encontrar, em conjunto com a mesma, as soluções viáveis.
Em vez disso, só perante uma queixa de pais sobre o que se passa na escola é que o executivo camarário resolveu preocupar-se com a situação, sendo que, algumas delas, já eram do conhecimento público.
A Câmara deve ser, por excelência, activa na auscultação dos problemas dos seus munícipes e das suas comunidades, ir para o terreno falar com as pessoas, em vez de se fechar no edifício e ficar à espera que alguém lhe vá dizer alguma coisa para depois e perante isso, actuar.