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Luís Godinho: “A insustentável leveza do deixa andar na Capital da Cultura”

A opinião de Luís Godinho, jornalista

Em dezembro de 2022 ficámos a saber que Évora será, em 2027, Capital Europeia da Cultura. Por incrível que pareça, um ano e meio depois o modelo de gestão ainda não está definido. Não se sabe quem irá presidir à Associação Évora_27, nem sequer que competências terá a pessoa que irá ocupar o cargo, nem tão pouco são conhecidos os nomes para a direção executiva ou para direção artística. 

Pior. Para escolher quem irá ocupar os cargos de direção está anunciada a abertura de um concurso público, mas parece que será apenas “para inglês ver”, com as consequências legais daí decorrentes. Em reunião pública, Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara, foi claro: “A ideia é que a equipa de missão possa transitar para a associação”. A equipa de missão é liderada por Paula Garcia, que ao longo dos últimos anos tem vindo a assinar contratos de prestação de serviços por ajuste direto, ora com a Câmara de Évora, ora com a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central.

Não deixa de ser curiosa a justificação dada pelo presidente da Câmara para que os concursos ainda não tenham sido abertos, por ter considerado prudente esperar pela reunião com a nova ministra da Cultura para tratar de questões como o nível remuneratório dos futuros diretores, isto é, definir quanto irão receber. E é curioso pois, até agora, nada disso tinha sido impeditivo para a assinatura de contratos, incluindo pelo menos um com nível remuneratório equivalente ao de ministro.

Temos assim dois problemas. O primeiro é o perigo de tudo isto vir a resvalar ainda mais no tempo – qualquer concorrente a diretor artístico poderá vir contestar o resultado, se o desfecho for o que se prevê, bastando para tal utilizar as declarações do presidente da Câmara. O outro problema é que, tudo isto, está errado.

Na verdade, se a Associação Évora_27 vai ter uma pessoa a presidir à direção, cujo nome, aliás, já foi proposto pela ministra da Cultura, a convocação de uma assembleia geral no mais curto espaço de tempo afigura-se como a solução que melhor defende a Capital Europeia da Cultura e que evita sobreposição de competências, ou conflitos. Não faz nenhum sentido estar, primeiro, a definir critérios para escolher as direções executiva e artística e, depois, querer impor essas escolhas a quem vier a presidir à associação. O que faz sentido é eleger a presidência e, a partir daqui, tomar decisões para o futuro.

Quanto a Maria do Céu Ramos, o tal nome proposta pela ministra da Cultura, que merece a concordância generalizada dos membros da Associação, é alguém que não só reúne todas as condições para um desempenho eficaz do cargo, como é a garantia de que Évora_27 deixará de ser encarada com a “insustentável leveza” que nos conduziu até aqui e que, a manter-se, faz antever um enorme embaraço. 

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