Luís Godinho: “Autárquicas, a festa da democracia”

A opinião de Luís Godinho, jornalista e diretor da revista Alentejo Ilustrado

Aproximam-se as eleições autárquicas, momento decisivo da nossa democracia. Ao contrário do que sucede em eleições nacionais, aqui votamos em quem está mais perto de nós: as pessoas que conhecemos, que vivem connosco os problemas e os desafios do quotidiano. O poder local tem a riqueza de ser exercido lado a lado com os cidadãos, na proximidade das ruas, das associações e das empresas.

É por isso que o voto consciente é tão importante. Não basta escutar as promessas de campanha, muitas vezes carregadas de slogans fáceis e de soluções milagrosas. O que está em causa é muito mais do que um cartaz ou uma frase bem construída: é a escolha de quem terá a responsabilidade de gerir os recursos da nossa terra, de ouvir os vizinhos, de encontrar consensos e de transformar projetos em realidades concretas.

Nas autárquicas, não votamos apenas em programas, votamos em pessoas. Importa conhecer o percurso de cada candidato, a sua ligação à comunidade, a sua disponibilidade para servir, a forma como lidou com responsabilidades anteriores. Mais do que o que se diz, conta o que se fez e, sobretudo, o que se demonstrou ao longo do tempo: seriedade, competência, capacidade de diálogo e compromisso com o bem comum. Ou a falta disso.

O voto consciente implica perguntar, procurar informação, comparar, não se deixar levar pela espuma dos dias. Por juras e promessas esquecidas no momento seguinte à eleição. É no voto que se joga muito do futuro que queremos para a nossa terra – um território capacitado para enfrentar os grandes desafios deste nosso tempo, como o despovoamento, a desertificação, a adaptação às alterações climáticas, ou a empatia para com o próximo.

Ao escolhermos de forma responsável, estamos a valorizar a democracia e a dar força a quem, com autenticidade, quer servir a comunidade.

Ora, votar com consciência significa também recusar os extremismos que se alimentam do medo e do ódio. A democracia local, pela sua natureza de proximidade, exige diálogo, respeito e capacidade de construir pontes. Mais do que nunca, é preciso penalizar nas urnas aqueles que fazem da arrogância um programa político, que transformam a política em palco pessoal, esquecendo que o verdadeiro objetivo não são as redes sociais, mas o bem-estar coletivo.

Um autarca não pode ser alguém que fala sozinho, que despreza opiniões divergentes, que insulta os opositores. O poder local é feito de consensos e de diversidade, não de imposições unilaterais. Quem não demonstra respeito pelos direitos constitucionais, pela liberdade de expressão, pela igualdade e pela justiça social não merece a confiança de quem acredita na democracia como valor essencial.

Ganhe quem ganhar, o mais importante é que no dia seguinte prevaleça a vontade de dialogar para o bem comum. Diz-se que a democracia não termina no voto, começa nele. O respeito pelas diferenças e a capacidade de trabalhar em conjunto são a chave para resolver os problemas da comunidade – e este pode muito bem ser um bom ponto de partida para começar a fazer escolhas que, a 12 de outubro, conduzam à festa da democracia.

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