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Luís Godinho: “Carta aberta aos meus amigos deputados”

A opinião de Luís Godinho (jornalista)

Caros amigos, acreditem que gosto de os ver trocar argumentos sobre se os algarvios devem ou não pagar portagem na Via do Infante, sobre os benefícios da abolição de portagens nas autoestradas do chamado interior, e o que daí resulta no que à coesão territorial diz respeito. 

Tenho também todo o gosto e interesse em acompanhar o vosso debate quanto a coligações (se negativas ou positivas depende do ponto de vista) que se formam no que a estas questões diz respeito. De verdade, gosto mesmo de os ouvir.

Sucede, porém, que nenhum se lembrou que o Alentejo, sim o Alentejo, também é atravessado por uma autoestrada, no caso a A6, que começa ali na Marateca e se prolonga até Elvas, cruzando uma região que, digamos assim, não tem fama nem proveito de se encontrar entre as mais ricas e prósperas do país. 

Estranho este esquecimento, na certeza de que foi apenas isso, um esquecimento, eventualmente um lapso, nunca uma intenção deliberada de deixar para trás esta região que tanto apreciamos.

Ora, meus caros amigos, a autoestrada A6 não se destina apenas a quem cruza o Alentejo rumo a Espanha ou à capital, ou a quem procura a região para apreciar a paisagem e visitar os indígenas. Ela também é utilizada por cidadãos aqui residentes e empresas aqui instaladas.

Cidadãos e empresas que padecem dos mesmos constrangimentos e dificuldades que os nossos amigos algarvios ou beirões. Cidadãos e empresas que, estou em crer, se questionam sobre os motivos pelos quais continuarão a pagar portagens quando outros ficarão dispensados de o fazer.

Mas há mais. Como bem sabeis, não existe uma circular rodoviária em Vendas Novas, nem em Montemor-o-Novo, nem em Évora, que permita retirar os veículos pesados de mercadorias do interior das localidades. As cidades de Vendas Novas e Montemor-o-Novo são diariamente atravessadas por centenas e centenas de veículos pesados. 

Na avenida principal de Montemor-o-Novo passam diariamente cerca de dois mil camiões, alguns transportando matérias perigosas. O mesmo sucede em Vendas Novas. Em Évora o trânsito aproxima-se do caos a que, talvez, os meus caros amigos deputados atribuam pouca importância por estarem habituados ao para-arranca da capital, mas que por aqui causa transtorno.

Serve pois esta missiva para vos desafiar a incluir a A6 na lista de autoestradas sem pagamento de portagem. Como isto está, basta um pouco de coragem para escrever um projeto-lei e submetê-lo a votação. Há missões mais difíceis.

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