Num discurso de cerca de 40 minutos, que encerrou em Tróia a conferência do Dia Mundial do Turismo, o chefe de Estado sublinhou que Portugal beneficia de ter “uma coesão cultural muito apreciável”.
“Temos uma língua. Temos uma cultura muito homogénea, uma história muito homogénea. Temos essa vantagem (…) e que [outras sociedades] apreciam. Além da nossa maneira de ser e do nosso universalismo: o adaptarmo-nos, na diáspora, a todos os climas, latitudes e longitudes, e recebermos cá todos os latitudes e longitudes”, afirmou.
Mais adiante, Marcelo insistiu que a demografia é o “grande custo de contexto” do turismo em Portugal, salientando que “25% da população tem mais de 65” e que, por isso, “um quarto da população tem dificuldade em perceber mudanças muito aceleradas de comportamento”.
Embora tenha realçado as vantagens de o país ser “aberto” na economia e na sociedade, o Presidente notou que essa característica também tem “inconvenientes”, nomeadamente a necessidade de regular “certas migrações” e o “efeito económico e financeiro do poder de compra muito acima” do português, apontando o aumento de italianos, franceses, americanos e canadianos em Portugal.
“Isso tem consequências. É olhar para os indicadores quanto ao custo da habitação ou do terreno para a habitação. Tudo tem uma vantagem e tem um inconveniente”, explicou.
Marcelo alertou ainda que o turismo está a evoluir a um “ritmo alucinante”, o que exige reforço da ferrovia, do aeroporto, da administração pública e da justiça. Defendeu também que o setor não pode ser visto como “o principal motor” da economia, pois isso “é um afrontamento com a indústria, os serviços e o comércio”.
O Presidente saudou o facto de o turismo estar a “transitar da preocupação da quantidade” para a qualidade, defendendo uma aposta na formação, ciência, educação, saúde, ambiente e sustentabilidade. Concluiu pedindo uma mudança de mentalidade “no sentido do futuro” e ação “todos os dias”, porque “isso que Portugal pede” ao setor.
Questionado no final pelos jornalistas sobre as negociações da lei dos estrangeiros no parlamento, Marcelo disse estar a acompanhar o processo e que aguarda a votação desta terça-feira, recusando fazer mais comentários.
Texto: Alentejo Ilustrado/Lusa | Fotografia: D.R.











