A 24 de fevereiro foi apresentado publicamente o relatório referente a um estudo da responsabilidade do ISPA (Instituto Universitário) sobre ‘bullying’ nas escolas. O estudo, que abrangeu 31 mil alunos entre os 11 e os 18 anos, indica que 6% dos inquiridos dizem já ter sido vítimas de ‘bullying’. Destes, a maioria são raparigas. Outra conclusão refere-se ao facto de o ‘bullying’ diminuir à medida que a idade avança e o ‘cyberbullying’ aumentar à medida que a idade sobe.
Também o Relatório do Programa da Escola Segura da PSP regista um aumento de ocorrências de agres- sões, insultos, atos de vandalismo no interior dos recintos escolares: subiram de 3824 (2022/23) para 4107 em 2023/24, ou seja, 7,4%.
Os dados do Observatório Nacional do Bullying vão no mesmo sentido: 666 denúncias em cinco anos, maioritariamente de raparigas e crianças do 1.º ciclo. Um dos motivos mais apontado é o aspecto físico (51,9%). Outros motivos para agressão são a idade, o sexo, a orientação sexual, a nacionalidade e a etnia. 90 das denúncias relatam que as vítimas estiveram em risco de vida e cerca de 30 relatam a necessidade de hospitalização.
Estas várias formas de violência que se traduzem em comportamentos agressivos que são intencionais e repetidos (‘bullying’) ou em ofensas corporais, injúrias e ameaças, mesmo que pontuais, estão na origem de várias situações relacionadas com a aprendizagem, com a autoestima, sendo fator de grande perturbação no desenvolvimento equilibrado de crianças e jovens, provocando graves danos na sua saúde mental. Não podem ser toleradas! E, mais do que ações punitivas, é urgente desenvolver medidas preventivas.
Em Estremoz, na Escola Secundária Rainha Santa Isabel, o projeto Escolas Amigas dos Direitos Humanos (EADH), que foi implementado durante oito anos letivos, até 2023/24, foi um exemplo de modelo preventivo e que procurou envolver toda a comunidade educativa na criação de um ambiente escolar seguro e inclusivo. É necessário continuar a construir nas escolas uma cultura de responsabilização e de respeito pelas diferenças e pela dignidade humana, em cada criança e jovem. Sim, uma cultura de verdadeira cidadania!
É sabido que ainda há quem trate este assunto de forma ligeira “sempre foi assim”. Mas não, nem sempre foi assim. E, mesmo que fosse, estas situações não podem ser toleradas!