Na apresentação da sua candidatura a Belém, que decorreu em Fafe, Luís Marques Mendes apresentou-se com seis compromissos ao país, sendo o primeiro o de “unir Portugal” e o segundo com a ética. “Quero ser Presidente de todos os portugueses. Os do interior e do litoral, do Continente, das Regiões Autónomas e da diáspora. Os que votarem em mim ou os que optarem por outras candidaturas. Todos são portugueses, todos me merecem o mesmo respeito e todos devem ser tratados de forma igual. Por isso também, hoje mesmo, entreguei o meu cartão de militante do PSD”, anunciou.
O antigo líder social-democrata justificou o gesto de entregar o cartão de militante “não por renegar origens” ou convicções: “Isso nunca farei. Mas, para num ato simbólico, reafirmar o meu compromisso com uma magistratura de isenção, independência e imparcialidade”.
Em segundo lugar, o candidato referiu o compromisso com a ética política, lembrando a sua decisão, nas autárquicas de 2005, “afastar alguns autarcas” do PSD “em nome da ética e da credibilidade”, numa alusão aos casos de Isaltino Morais e Valentim Loureiro. “Parece um gesto banal, mas a verdade é que ninguém o tinha feito antes e ninguém o fez depois. Hoje, 20 anos volvidos, é preciso ir muito mais longe”,
Em concreto, o candidato disse ser necessário “reavaliar as leis eleitorais, alterando o método de escolha dos deputados”, “rever o funcionamento dos partidos, para que criem dentro de si órgãos de natureza ética, à semelhança do que já dispõem nos planos disciplinar e financeiro” e que o Parlamento “disponha de instrumentos para poder suspender deputados que têm comportamentos desviantes, chocantes e eticamente censuráveis”.
“É preciso mais cuidado, muito mais cuidado e exigência na escolha de titulares de cargos públicos, sejam diretores executivos, gestores ou responsáveis políticos. A degradação política e falta de decência que há anos se vive em Portugal não é aceitável. Sejamos claros: as eleições legitimam um político, mas não o dispensam da ética. Pelo contrário, reforçam a sua exigência”, disse, recordando a frase do fundador do PSD Francisco Sá Carneiro de que “a política sem ética é uma vergonha”.
Segundo Luís Marques Mendes, “não chega falar de ética. É preciso aplicá-la. O Presidente da República não faz leis, mas tem de intervir para fazer esta pedagogia democrática. É essencial inverter a degradação que atinge a nossa democracia, é mesmo obrigatório”.
CONTRA “AVENTURAS”
Ainda durante o discurso, defendeu que o cargo de chefe de Estado deve ser exercido por quem tem experiência política, avisando que os tempos não recomendam “aventuras, experimentalismos ou tiros no escuro”.
Luís Marques Mendes, que já foi deputado, autarca, ministro de quatro Governos e líder do PSD, fez questão de destacar a sua experiência política como uma mais-valia para o cargo de Presidente da República: “O cargo de Presidente da República é um cargo eminentemente político. Assim sendo, deve ser exercido por quem tem experiência política. Não existe uma Presidência sem política”, afirmou, considerando que nas presidenciais de janeiro de 2026 “a questão é que tipo de política deve guiar a Presidência”.
O antigo líder parlamentar considerou que, em tempos de incerteza mundial e nacional, “com um Parlamento mais polarizado, dividido e fragmentado do que nunca”, exigem-se duas condições ao chefe do Estado.
“O tempo que vivemos nem aceita política sem princípios, nem recomenda política sem experiência. Não é tempo de aventuras, experimentalismos ou tiros no escuro”, disse, numa altura em que as todas as sondagens colocam na frente o almirante Henrique Gouveia e Melo, antigo chefe de Estado Maior da Armada, que nunca exerceu qualquer cargo político.
Fotografia | José Coelho/Lusa