Mega projeto para produzir hidrogénio em Sines não sai do papel

A ideia era uma cadeia de abastecimento marítimo de hidrogénio líquido renovável entre os portos de Sines e de Roterdão. Mas os investidores desistiram do projeto. Ana Luísa Delgado (texto) Foto (arquivo)

Está cancelado do projeto H2Sines.Rdam, liderado por um consórcio constituído pela Engie e pela Shell e orçamentado, em toda a cadeia de valor e nas suas várias vezes, em “vário mil milhões de euros”, assim quantificado em agosto do ano passado por Nils Grobet, vice-presidente europeu da Engie. Na altura, em entrevista ao “Jornal Económico ”, explicou que a ideia seria produzir hidrogénio líquido em Sines e fazê-lo chegar a clientes no norte da Europa, através de “um navio dedicado ao transporte”, e com capacidade para exportar “mais de 100 toneladas por dia”.

Afinal, nem milhões, nem hidrogénio, nem exportação. O projeto não vai sair do papel. Um porta-voz da Engie confirmou a desistência do investimento em declarações à “Hydrogen Insight”, uma publicação especializada do setor, justificando a decisão com “a falta de regulação clara e considerando a atual maturidade do mercado-alvo, bem como a falta de infraestrutura adequada”. 

Há um dado curioso nesta resposta. Segundo o porta-voz, “os vários parceiros tomaram a decisão de abandonar o projeto em outubro de 2023”, mas no mês seguinte a Comissão Europeia vinha anunciar que este projeto, para a criação “de uma cadeia de abastecimento marítimo de hidrogénio líquido renovável” entres os portos de Sines e de Roterdão, tinha sido classificado como “de interesse comum” para a União, o que lhe assegura acesso a financiamento comunitário.

“Produzir hidrogénio num local e transportá-lo para outro muito distante (gasoso, líquido ou sólido, não importa), só poderia não funcionar. Estas ideias, são uma tentativa de cópia da economia do petróleo, que tem características de matéria-prima muito diferentes do hidrogénio”, comenta Rui Costa Neto, professor no Instituto Superior Técnico especialista em energia, na edição online do Económico.

Ainda de acordo com Rui Costa Neto,“as perdas de eficiência de conversão e liquefação não perdoam. A energia investida para liquefazer hidrogénio é cerca de 15% da energia contida no próprio hidrogénio”.

Fonte ligada ao Porto de Sines antecipa à Alentejo Ilustrado que esta “muito provavelmente será apenas a primeira desistência” de projetos de investimento na área do hidrogénio. E de valor muito considerável os que estão anunciados para Sines, entre os quais o da NGreen Hydrogen, já licenciado que prevê um investimento global de 1,5 mil milhões de euros destinado à produção de “combustível verde” para os navios.

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