Ouvida na Comissão Parlamentar do Ambiente, Maria da Graça Carvalho lembrou a existência, para Sines, de “um conjunto muito ambicioso de projetos industriais privados para produzir hidrogénio”, o que conduzirá à necessidade de construção de uma dessalinizadora para aproveitar a água do mar.
Além dos projetos industriais, a ministra entende que essa poderá ser também a solução para assegurar o abastecimento à Barragem de Santa Clara, que mesmo num ano de intensa precipitação como o atual não conseguiu armazenar mais do que 41% da sua capacidade máxima, obrigando à manutenção de restrições por parte os agricultores.
De acordo com a ministra do Ambiente, uma das soluções poderá ser a construção da dessalinizadora por parte de privados, “existindo um entendimento de compra de água pelo setor público para abastecer a Barragem de Santa Clara”.
Outra hipótese, referiu, é que o projeto seja concretizado pelo Estado, “havendo uma tarifa especial industrial que compense o investimento público, sempre com a perspetiva de parte da água ser utilizada” para “encher” Santa Clara. “Precisamos de uma solução para essa barragem”, sublinhou.
No início do ano, a Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores dos concelhos de Odemira e Aljezur revelou ter encomendado um estudo a uma empresa israelita, segundo o qual a construção de uma dessalinizadora com capacidade para 25 mil milhões de metros cúbicos por ano custaria cerca de 200 milhões de euros.
No perímetro de rega mantêm-se as restrições à utilização de água. De acordo com a Associação de Beneficiários do Mira (ABM), cada regante “não poderá consumir mais de 95% do que efetivamente utilizou em 2023”, a área a regar não poderá ser superior à do ano passado e a rega das culturas não alimentares, como relva e espaços verdes, “é restringida totalmente”. Mantêm-se também os volumes máximos para abeberamento dos animais, que no caso dos bovinos não poderá ultrapassar os 25 metros cúbicos por cabeça/ano.
Sublinhando “a necessidade de incrementar a restrição ao consumo de água para rega”, a ABM explica que o aumento das restrições “deve permitir uma adaptação progressiva das explorações agrícolas a estas condições, minimizando sempre que possível situações de redução significativa e abrupta do fornecimento de água com impactos negativos muitos significativos a nível económico e social na região”.
E deixa uma advertência: “a manter-se a tendência verificada nos últimos anos, em 2025 haverá um novo plano de contingência cujo nível de restrições será adequado às disponibilidades hídricas que vierem a existir”.