Ministro relativiza números da “língua azul”, mas apela à vacinação

Ouvido na Comissão de Orçamento e Finanças em conjunto com a Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, apelou aos produtores pecuários para que vacinem os seus efectivos, mas disse que este ano os casos relatados são menos 95 por cento do que em igual período de 2024. Aníbal Fernandes (texto)

O Ministro da Agricultura e Pescas, durante o debate a propósito do Orçamento de Estado para 2025, e depois de questionado pelos deputados Gonçalo Valente (PSD) e Pedro do Carmo (PS), ambos eleitos por Beja, sobre o atual surto de língua azul que afeta os rebanhos de ovinos, fez um apelo para que os produtores vacinem os seus efectivos.

No entanto, apesar de ressalvar que “não nos podemos cingir a números oficiais”, avançou que “até 30 de outubro [deste ano] era 2647 os ovinos notificados com língua azul”, o que “não tem comparação com 2024 em que eram 47 mil”, concluindo que “em termos de números oficiais temos menos 95 por cento de casos. 

No entanto, o ministro diz que o Governo “agiu de imediato” e que “em 31 de janeiro, estavam 278 mil vacinados, e hoje são mais de um milhões e 270 mil” e avançou que estão disponíveis 12 milhões de euros para a compra de vacinas para o serotipo 3 e 8.

Para além disso, o governante anunciou que em termos de prevenção e no âmbito da reprogramação do PRR, existem “10 milhões de euros para armadilhas inteligentes com inteligência artificial para a detecção de vectores para podermos atuar rapidamente”.

Na altura, Pedro do Carmo (PS) questionou o ministro da Agricultura e Pescas, mas admitiu que “o processo de vacinação tem decorrido na normalidade” e “bem apoiada pelas associações de produtores e pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária”.

No entanto, o deputado socialista eleito por Beja, na sequência de visitas efectuadas a explorações pecuárias, traçou um quadro menos optimista do que aquele que o ministro descreveu: “as ovelhas ficam sem leite, os borregos morrem à fome, o número de abortos é muito significativo”, apontou, acrescentando que os números avançados pelo ministro – “são os números oficiais da mortalidade” – estão “muito aquém da realidade porque contabilizam somente os animais mortos. Mas é preciso mais, outro tipo de apoios para repor o efectivo das explorações” e também apoiar a aquisição de “antibióticos, antinflamatórios, suplementos vitamínicos que estão a sobrecarregar os produtores pecuários”.

O deputado socialista apontou ainda o dedo à insuficiente “disponibilização da vacina por parte do laboratório produtor espanhol”, e reclamou “a importância de constituir atempadamente, com o apoio do Ministério da Agricultura, um banco nacional de emergência de vacina, para conseguirmos dar resposta em devido tempo às solicitações dos produtores”. Ainda segundo Pedro do Carmo, neste momento, “está-se a recolher três vezes mais cadáveres de ovinos, neste momento, do que seria de esperar”.

Fotografia: Nuno Veiga/Arquivo/Lusa

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