A atmosfera na praça é de profunda emoção e silêncio respeitoso. Peregrinos rezam, acendem velas e entoam cânticos em diversas línguas, enquanto aguardam os ritos fúnebres, como o demonstra o vídeo gravado por Alexandra Nóbrega ao inicio da noite de ontem no Vaticano.
A Santa Sé anunciou que o corpo de Francisco poderá ser exposto ao público já na quarta-feira, permitindo que os fiéis prestem as últimas homenagens.
O Papa Francisco morreu devido a um acidente vascular cerebral (AVC), segundo anunciou o Vaticano. O AVC conduziu a um coma e a uma insuficiência cardíaca irreversível, segundo a certidão de óbito publicada pela Santa Sé.
“A morte foi confirmada por registo electrocardio-terapêutico”, indica o documento, assinado pelo diretor do Departamento de Saúde e Higiene do Vaticano, professor Andrea Arcangeli.
O funeral será realizado dentro de nove dias e o conclave para eleger o seu sucessor dentro de um mês.
Francisco morreu hoje aos 88 anos, após 12 anos de um pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais, guerras e uma pandemia.
Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.
O Papa Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março. A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer.
Numa mensagem publicada na sua página de Facebook, o Bispo de Portalegre-Castelo Branco, Antonino Dias, recordou que o Papa Francisco “sempre construiu pontes e abriu caminhos de esperança e de renovação”.
“Para se ir mais além pelos caminhos da tolerância, da paz, da fraternidade universal, da solidariedade humana, da ecologia integral”, acrescentou.
Evocando Francisco como “manifestamente humilde e dialogante”, Antonino Dias também realçou que o Papa “não tinha receio de gerar polémicas, mesmo dentro da Igreja Católica que sempre precisa de purificação”.
“Ele desejava que ela [Igreja Católica] fosse uma espécie de ‘hospital de campanha’”, argumentou o Bispo, considerando que o Papa Francisco foi “uma voz diferente, muitas vezes contundente, nem sempre meiga no contexto de um mundo que tende a globalizar a indiferença e a esquecer os pobres, os refugiados, os migrantes, os marginalizados”.