Na Mercearia Ilegal, em Mourão, celebram-se a cultura e as artes

Chama-se Mercearia Ilegal, fica a dois passos do castelo de Mourão e é um polo para a promoção das artes e da cultura. O projeto celebra o décimo aniversário. Maria Frederica Bernardo (texto) e Gonçalo Figueiredo (fotografia)

Do reconhecimento de que a vila que tinha escolhido para viver, Mourão, não dispunha “de um conjunto de elementos importantes”, entre os quais “um sítio de partilha artística”, Isabel Rodrigues partiu para a concretização de um projeto justamente destinado à promoção das artes e da cultura, ao qual aliou a vertente de alojamento. “É um conceito inovador, assente numa base de partilha”, diz a proprietária, explicando que ao longo dos 10 anos de atividade já por ali se realizaram inúmeras iniciativas artísticas e culturais, de exposição ao lançamento de livros ou exibição de filmes.

Vamos por partes, e começar… pelo início. Para “preencher o vazio” que sentia em Mourão no que à cultura diz respeito, Isabel Rodrigues começou por recuperar um edifício que se encontrava bastante degradado, a dois passos do castelo. Inicialmente a ideia era apenas abrir um espaço de partilha artística – a componente de alojamento local só surgiria em junho de 2022, no pós-pandemia de covid-19 e já depois de o edifício ter sido objeto de profundas obras de remodelação e ampliação.

Tal como tudo, o nome da Mercearia Ilegal (MI) tem também uma história. Numa atitude típica de terras pequenas, quando o edifício estava em obras começaram a surgir rumores e teorias sobre o que seria verdadeiramente aquele espaço. Uns diziam tratar-se de uma mercearia, outros especulavam sobre a legalidade do que se passava dentro daquela casa. Daí ter surgido, como se de uma inevitabilidade se tratasse, o nome de MI… Mercearia Ilegal.

De acordo com a proprietária, o objetivo primordial do projeto mantém-se inalterado, é o de ser promotor de divulgação de arte, de autores talentosos que a fazem por paixão e que a querem partilhar num ambiente descontraído de troca de ideias. Promovendo, assim, o encontro entre o autor, os objetos artísticos e todos aqueles que se disponham a apreciá-los.

Por outro lado, o facto de o espaço ter sido uma casa de habitação, promove a proximidade e familiaridade que não existe numa galeria de arte “formal”, fazendo com que cada vez que se entra neste espaço sejamos convidados a olhá-lo de forma diferente, com novas objetos artísticos.

Isabel Rodrigues descreve este espaço como sendo uma “casa de sentar, de tomar um copo, de conviver, de usufruir do quintal, de ficar a passar a tarde”, com todo o vagar do mundo, num projeto apostado em “facilitar, apreciar e conjugar interes- ses que, descontraidamente, possam surgir”.

Desde a inauguração, como já se disse, a MI foi palco dos mais variados eventos, compreendendo diferentes demonstrações artísticas, da pintura ao cinema, da literatura ao teatro. A primeira exposição, lembra a proprietária, foi da pintora Rita Ravasco, que abriu portas para pintores como Ambra Zotti, João Catarrunas, André Ferreira, Maria Hortense Loios, Jorge Tereno, José Bação, João Paramés e, ainda, uma exposição conjunta da escola de pintura de Villa Nuevo del Fresno. Já os artistas italianos, Manuela Quintavalle e Arimo Mario Cangini também por lá expuseram os seus trabalhos, num ensaio que promovia a fusão entre a pintura e a escultura.

No campo da literatura, aconteceram várias tertúlias, leituras encenadas e lançamentos de livros, tais como “Histórias com Gente Dentro”, de Marta Prates, “O Cante Alentejano” da Clara Santana Rita, ou a poesia de Luís Mira Coroa. O lançamento de “Além o Alentejo”, de Dulce Guerreiro, com desenhos da Margarida de Araújo, foi o mais recente.

Já ao que ao cinema diz respeito, a parceria com o realizador Vasco Bação, que fez a sua primeira exibição precisamente neste espaço, foi o primeiro passo para uma “longa jornada de partilha cinematográfica”.

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