Notas atribuidas por colégios são dois valores mais altas do que escolas públicas

Os alunos do ensino privado têm melhores notas internas no secundário do que os colegas das escolas públicas, segundo um relatório dos serviços do Ministério da Educação, que aponta para uma diferença média de quase dois valores.

Estes são alguns dos resultados do relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) que analisou as classificações finais dos alunos dos cursos científico-humanísticos (CCH) do ensino secundário nos últimos sete anos letivos (entre 2017/18 e 2023/24) e concluiu que as notas atribuídas pelos colégios são mais altas.

No passado ano letivo, por exemplo, a média das classificações internas finais do total das disciplinas nas escolas públicas foi de 15 valores, enquanto no privado foi de 16,9 valores, refere o relatório hoje divulgado, confirmando uma tendência que se regista há, pelo menos, sete anos.

Nas médias do ano passado foram analisados os resultados de quase 111 mil alunos das escolas públicas e outros 12.591 estudantes de estabelecimentos privados e, em ambos os casos, as notas mais elevadas são às disciplinas anuais: Entre os alunos das escolas públicas a média foi de 17 valores enquanto no privado foi de 18,3 valores.

Aplicações informáticas B e inglês continuam a ser as disciplinas anuais com notas mais altas, havendo uma elevada percentagem de alunos que conseguem a nota máxima (20) ou 19 valores.

Sobre as “classificações internas invulgarmente elevadas” nas disciplinas anuais do 12.º ano, os investigadores apontam como possíveis razões serem opcionais e, por isso, uma escolha do aluno, mas também o facto de os estudantes saberem que a nota irá contar para a média de acesso ao ensino superior. 

Já as médias das disciplinas trienais foram de 15 valores no público e 16,7 no privado, sendo as bienais ligeiramente mais baixas (14,2 valores no público e 16,3 valores no privado). 

Educação física continua a ser a trienal com a média mais alta (16,9 valores no públicos e 18,2 no privado). No leque das bienais, destacam-se Espanhol e Inglês no ensino público e filosofia, biologia e geologia e a economia A no privado.

A nota mais atribuída nas escolas públicas foi 17 valores, segundo o estudo que mostra que a moda das classificações internas tem vindo a subir: Em 2017/18 era de 15 valores, passou depois para 16 valores e, nos últimos quatro anos, foi de 17 valores. Já nos colégios, a nota mais atribuída foi 19.

Numa comparação entre áreas, o estudo mostra que os alunos com melhores notas são os dos cursos de ciências e tecnologias, seguidos de ciências socioeconómicas.

Alunos do 9.º são melhores a matemática

Já os resultados dos alunos do 9.º ano na prova nacional de português realizada no ano passado desceram ligeiramente, mas subiram as notas a matemática, segundo dados oficiais que alertam para as dificuldades sentidas pelas crianças mais pobres.

Em 2024, realizaram-se 188.201 provas a português e a matemática: A português a média foi de três valores (numa escala de zero a cinco) enquanto a matemática, a classificação média foi de 2,8 valores, revela um relatório divulgado hoje pela Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC), que mostra uma ligeira descida a Português e uma ligeira subida a Matemática.

No ano passado, apenas metade dos alunos teve positiva a matemática, enquanto a português a percentagem de positivas foi de 76%, com as raparigas a voltarem a ter melhores desempenhos às duas disciplinas.

O relatório salienta que o estatuto socioeconómico continua a ter forte impacto nos resultados, em especial a matemática, com os alunos de famílias mais pobres (com escalão A do Apoio Social Escolar) a terem notas bem mais baixas do que as crianças que não são beneficiárias.

Aumentaram os casos de sucesso, mas há muito mais casos entre os jovens de famílias mais favorecidas, segundo o indicador dos “percursos diretos de sucesso”, que mostra a percentagem de alunos que têm um trajeto sem retenções ao longo do 3.º ciclo e obtêm positiva nas provas finais do 9.º ano. 

A nivel nacional, no ano letivo de 2021/22, um em cada três alunos (34%) conseguiu fazer o percurso sem retenções e, no ano seguinte, a percentagem subiu para 36%, sendo mais fácil encontrar casos de sucesso entre os alunos de escolas de Coimbra, Braga, Viseu e Viana do Castelo, todos os distritos com percentagens superiores a 41%. 

Por oposição, Portalegre e Beja, foram os que tiveram menor proporção de alunos com percursos diretos de sucesso (26 e 25%, respetivamente), refere o relatório.

Comparando os alunos de famílias mais carenciadas e os privilegiados, notam-se “diferenças muito acentuadas”: Se 41% de alunos não beneficiários ASE conseguiram fazer um percurso de sucesso, a percentagem desce para 24% para os beneficiários do escalão B e para 13% para os alunos do escalão A.

Partilhar artigo:

ASSINE AQUI A SUA REVISTA

Opinião

BRUNO HORTA SOARES
É p'ra hoje ou p'ra amanhã

PUBLICIDADE

© 2025 Alentejo Ilustrado. Todos os direitos reservados.

Desenvolvido por WebTech.

Assinar revista

Apoie o jornalismo independente. Assine a Alentejo Ilustrado durante um ano, por 30,00 euros (IVA e portes incluídos)

Pesquisar artigo

Procurar