Com a campanha de azeitona em pleno, o presidente da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Estremoz, José Barroso, diz que a previsão de um ano melhor do que 2023 não se está a concretizar. “Tínhamos a expectativa de chegar ao milhão de quilos, mas julgo que não iremos atingir esse valor, alguns agricultores nem sequer vão apanhar, pelo que deveremos ficar pelas 700 toneladas”, desabafa.
Segundo José Barroso, na Cooperativa de Estremoz a campanha 2024/25 ficará dentro dos valores de produção “normais” para as explorações de sequeiro. Mas a entrada em exploração de novos olivais intensivos deverá resultar numa produção nacional de azeite entre as 170 e as 180 mil toneladas, o que representará um aumento de 10% comparativamente com a campanha do ano passado (mais 150 mil toneladas).
A concretizar-se esta previsão da Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal, esta será a segunda maior produção de azeite de sempre em Portugal. “Estamos muito satisfeitos com as previsões para a campanha do azeite 2024-2025, que antecipam um incremento na produção a nível nacional”, diz Susana Sassetti, diretora-executiva da Olivum.
A mesma responsável acrescenta que esta evolução “é o reflexo das novas plantações de olival, mas também do compromisso dos nossos associados – e do setor como um todo – em adotar práticas inovadoras e sustentáveis que permitem garantir não só a quantidade, mas também a qualidade que já é característica do azeite produzido em Portugal, posicionando cada vez mais o nosso país como um dos maiores produtores no mercado global de azeite”.
O aumento esperado na produção nesta campanha resulta da entrada em produção de novos olivais em sebe e, também, por ser um ano favorável para o olival, com condições climatéricas mais estáveis e com menos fenómenos extremos.
Depois de uma espiral inflacionista, resultante de dois anos consecutivos de baixas produções em Espanha, o maior produtor mundial, o preço do azeite está a cair desde abril, refere a Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor. Ainda assim, uma garrafa de 75 centilitros de azeite virgem extra que em janeiro de 2022 custava 4,46 euros, tem agora um preço que é praticamente o dobro: 8,71 euros.
Mesmo com o aumento da produção em Portugal e Espanha, Susana Sassetti adverte que o preço do azeite não deverá voltar aos valores de 2022, “uma vez que os aumentos registados também tiveram em conta um incremento nos custos dos fatores de produção”. A baixa de preço, prevê, Jorge de Melo, administrador da Sovena, um dos maiores operadores mundiais do setor, deverá ficar-se pelos 15 a 20%.
“Hoje em dia podemos falar de um virgem extra em 7,5 euros meio, face a um pico que teve de 8,5 euros há pouco tempo. A nossa expectativa é que na próxima campanha seja algo de mais baixo. Agora, é muito difícil estarmos aqui a determinar qual é o valor exato”, referiu Jorge de Melo ao jornal “Eco”.